Na antiguidade, os deuses eram vistos e adorados de um modo muito diferente dos nossos dias e divididos em duas grandes categorias: bons e maus.
Neste caso, Roma é semelhante à maioria das outras sociedades antigas, com uma religião evolutiva mergulhada na magia e superstição.
(A religião romana, nasceu da herança indo-europeia.)
No entanto, a sucessão de derrotas da segunda Guerra Púnica 218-201 a.C., deu origem a grande alteração na religião romana.
Todos os deuses são invocados para salvar Roma, incluindo alguns gregos como:
“Zeus”, Júpiter, pai e soberano dos deuses:
“Héstia”, Vesta, deusa do fogo:
“Ares”, Marte, deus da guerra:
“Afrodite”, Vénus: deusa da beleza, do amor, e outros que ali começaram a ser adorados para maior glória de Roma.
A partir desse momento, os romanos compreenderam que todos os deuses podiam ser bons uma vez adotados e, as suas imagens tornaram-se troféus de guerra tão importantes como o ouro, a prata e as pedras preciosas.
As divindades dos povos conquistados, deixaram de ser destruídas e seguiam para Roma para ali serem adoradas.
Mas, se esses deuses vindos de outros países mudavam de campo e de nome, eles continuavam a ser venerados pelos povos conquistados.
Q. Antonius Balbus. Denário(serratus), 83/82 a.C..
Anv. ZEUS, “Júpiter” laureado à direita, SC.
Rev. Vitória conduzindo uma quadriga,
Q ANTO BALB / PR. B.
Faustina I- Denário Roma, 145/161
Anv. Busto de Faustina drapeado à direita.
DIVA FAVSTINA AVGVSTA
Rev. HÉSTIA “Vesta” em pé com uma patera
sobre um altar aceso e paládio, AVGVSTA
Vespasiano-Sestércio, Roma 71
Anv. Busto de Vespasiano laureado à direita
IMP CAES VESPAS AVG PM TR PPP COS III
Rev. ARES “Marte” com capacete e lança
caminhando para a direita, S C
Faustina II- Denário, Roma 148
Anv. Busto de Faustina com diadema e drapeada à direita.
FAVSTINAE AVG PII AVG FIL
Rev. AFRODITE “Vénus” em pé com
uma maçã e leme, VENVS
A divisão religiosa entre os nativos romanos e outros habitantes do Império desapareceu.
No entanto, parece que a vinda desses deuses estrangeiros, teve um enorme impacto sobre a vida espiritual e social dos romanos.
Com o surgimento da necessidade, Marcus Terentius Varro, (o Marco Terêncio Varrão, 116-27 a.C., agrónomo de profissão) publicou no ano 47 a.C., um repertório sobre esses deuses para indicar aos romanos qual o culto adequado a todos, e a cada um.
Varrão expõe sua « Teologia Tripartida », na qual ele insiste numa divisão em três tipos de deuses:
Visíveis como o Sol:
Invisíveis, como Neptuno ou Netuno:
Grandes benfeitores, como Hércules.
Diocleciano-Áureo, Roma, 284/286
Anv. Busto de Deocleciano laureado e drapeado à direita
DIOCLETIANVS P F AVG
Rev. Sol levantando a mão direita, e um globo na esquerda.
SOLI INVICTO
Agripa-Asse, Roma 37/41
Anv. Agripa laureado à esquerda.
M AGRIPPA L F COS III
Rev. Neptuno com tridente na mão esquerda,
um golfinho na direita, S C
República Romana
Faustus Cornelius Sulla, denário 56 a.C.
Anv. Hércules com a pele de leão.
Rev. Globo rodeado por coroas triunfais
Diz-se que uma rapariga no dia do casamento, tinha que adorar uma multitude de deuses para garantir a sua felicidade.
A multiplicação dos deuses, tanto públicos como privados, tornou-se uma camisola de força em Roma, que paralisou toda a sociedade. Nada menos que cinco deuses, só para a espiga de trigo.
Todos estes inconvenientes não impediram Cícero de fazer a seguinte declaração.
Se nos compararmos com os povos estrangeiros, somos iguais ou mesmo inferiores noutras áreas, mas na religião, refiro-me ao culto dos deuses, somos muito superiores.
Em todo o Panteão, Varrão escolheu alguns que são a glória de Roma. Jano, Júpiter, Saturno, Gênio, Mercúrio, Apolo, Marte, Vulcano, Neptuno, Juno, Diana, Minerva, Vénus, Vesta.
JANO
República Romana
(anónimo) Didracma, Roma 225/216, a.C.
Anv. Cabeças opostas de Jano.
Rev. Quadriga à direita, ROMA.
JÚPITER
República Romana
Meio Vitoriado, Roma 215/208 a.C.
Anv. Júpiter laureado à direita.
Rev. Uma Vitória coroando um troféu, ROMA
GÊNIO
República Romana
Cn. Cornelius Lentulus Marcellinus
Denário, Roma 76/75 a.C
Anv. Gênio à direita,
GPR (Gênio do povo romano)
Rev. EX cetro, globo, e leme, SC CN LEN
SATURNO
República Romana
Nerivs-Denário, Roma, 49 a.C.
Anv. Saturno laureado à direita – NERI Q VRB
Rev. Águia legionária, um estandarte e duas insígnias.
H (Hastatus) P (Princeps) COS
MERCÚRIO
República Romana
C. Mamilius Limetanus-Denário, Roma 82 a.C.
Anv. Mercúrio à direita, A e caduceo.
Rev. Ulisses caminhando para a direita
com o seu cão, “Argos”.
C MAMIL LIMEAN
APOLO
República Romana
Q Pomponius Musa-Denário, Roma 66 a.C.
Anv. Apolo laureado à direita.
Rev. Terpsícore, (deusa da dança)
com uma lira na mão esquerda.
MVSA Q POMPO
MARTE
Répública Romana
(anónimo) Litra AR 241-235
Anv. Marte com capacete à direita.
Rev. Cabeça de cavalo à direita, ROMA
VULCANO
República Romana
Lucius Aurelius Cotta-Denário, Roma 105 a.C.
Anv. Vulcano com pílio e drapeado à direita, pinças e estrela.
Rev. Águia com as asas abertas, L COT
NEPTUNO ou NETUNO
República Romana
P. Plautius Hypsaeus- Denário Roma 60 a.C.
Anv. Neptuno à direita e tridente.
P YPSAE S. C.
Rev. Quadriga à esquerda.
CEPITC YPSAE COSPRI
JUNO
República Romana
T. Carisius, denário cunhado em 45 a.C.
Anv. Juno à direita, MONETA
Rev. Matriz da moeda sobre a bigorna, alicate e martelo.
T CARISIVS
DIANA
República Romana
C Hosidius C F Geta, Denário-Roma 64 a.C.
Rev. Diana com diadema e drapeada à direita,
arco e carcás (aljava). GETA III VIR
Rev. Javali ferido e atacado por um cão à direita.
C HOSIDI CF
MINERVA
República Romana
(anónimo), AE 28, cerca de 264, a.C.
Anv.Minerva com capacete coríntio à esquerda.
Rev. Águia sobre de um feixe de raios, ND
VÉNUS
República Romana
C Considius Nonianus, denário roma 60 a.C.
Anv. Vénus com diadema e laureada à direita .
CC CONSIDIVS NONIANVS
Rev. Templo de Vénus Erice, ERVC
VESTA
República Romana
L. Cassius Longinus, Denário Roma 60 a.C.
Anv. Vesta com diadema e véu à esquerda.
Rev. Figura masculina à esquerda efetuando
un ato cívico, (votar) LONGIN III V.
Qual o motivo porque Roma tão aberta aos cultos estrangeiros, era tão reticente ao cristianismo?
A resposta é simples: o cristianismo era o principal responsável.
O seu deus era considerado um deus ciumento, que não consentia outros deuses, ou imagens que os representassem.
A intolerância cristã desempenhava um rolo em seu desfavor. Além disso, Tibério (14-37), disse que os cristãos eram uma seita a exterminar, porque ela dá um gosto de liberdade aos homens.
Graciano- 367- 383 - Siliqua
Anv. busto drapeado com diadema à direita
DN GRATIA NVS PF AVG
Rev. VOTIS X MVLTIS XX
(Emitido entre 375 e 378 para manutenção das estátuas e templos.)
O incêndio de Roma por Nero no ano 64, também teve conseqüências desastrosas para eles que foram acusados, e será preciso esperar até ao reinado de Constantino I 307-337, para ver o cristianismo emergir das catacumbas.
MGeada
Bibliografia
François ZOSSO, Christian ZINGG: Les Empereurs Romains – 27 a.C. – 476 d.C., Editions Errance, Paris 1994.
Sabine BOURGEY, Dominique HOLLARD: L’Empire Romain - 225-337, Editions Errance,
Paris, 1991.
Sousa; Manuel Félix Geada: História dos Monumentos Romanos Contada Através das Moedas.
RNG The Romain Numismatic Gallery.
Catálogo de vendas Drouot : Monnaies Romaines, Collection E. P. Nicolas, Paris 9/10 de Março 1982.
http://www.wildwinds.com/coins/ric/i.html
http://www.sacra-moneta.com/Monnaies-romaines/Numismatique-romaine/
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