(A lavagem das mãos era um
costume judaico (não romano) pelo qual se expressava a sua não participação a
um derramento de sangue).
Pôncio Pilatos (em latin Pontius
Pilatus), terá nascido no fim do I século a.C. num local desconhecido na Itália
ou em Lugduno (Lião), seria filho dum
espanhol, e terá falecido por volta do ano 39, no início do reinado de Calígula
em Viena (Gália) ou Lucerna (Suíça).
Aqui começamos a entrar no reino da lenda, porque na verdade pouco se sabe
sobre este personagem, que foi prefeito (praefectus) e não procurador da Judeia e condenou Jesus de Nazaré: o resto permanecem
suposições e lendas.
A maioria do mundo cristão só conhece Pôncio
Pilatos pelo seu papel no julgamento e crucificação de Jesus Cristo.
Geralmente é representado como o principal
defensor do Galileu nas suas últimas horas, mas uma análise de outros
documentos da vida de Pilatos, completa a história fragmentária do Novo
Testamento.
Com essas outras escrituras, apercebemo-nos que
Pilatos era um homem cruel e sanguinário, que exterminou muita gente.
Cidadão romano e membro da classe equestre; a partir do ano 26 d.C., sob o
reinado de Tibério ocupou durante doze anos o cargo de prefeito da Judeia, antes
de ser enviado a Roma no fim do ano 36, princípio de 37, pelo procônsul da
Síria Lucius Vitelius, para que explique ao imperador o motivo da sua mau administração.
A partir dessa data a história não fala mais nele.
Ao contrário dos seus antecessores que sempre residiram em Jerusalém,
Pilatos estabeleceu a sua residência
principal em Cesareia Marítima; na época a principal cidade da Judeia
romanizada, e lugar mais tranquilo que a
capital dos judeus, da qual o poder era representado pela Fortaleza Antônia,
fortificação adjacente ao templo.
Esta fortaleza “praça-forte”, foi
construída por Herodes o Grande em Jerusalém, cujo nome homenageava o triúnviro romano Marco António,
protetor de Herodes.
Ponce Pilatos, Prutá cunhado em
29-30
Anv. Simpulum, TIBEPIOY KAICAPOC LIS
Rev. Três espigas de cevada, IOYɅIA KAICAPOC
(Júlia, César) Ref.
à mãe de Tibério.
(Ref. Hendi 648)
(Simpulum (concha): era
utilizada durante as “libações” : cerimónia religiosa entre os pagãos, que
consistia em provar vinho e entorná-lo sobre a ara do sacrifício em honra de
uma divindade).
Outra coisa que sabemos de Pilatos, é que o imperador Tibério não o
apreciava muito pela mau administração do
seu governo, e ser um personagem arrogante, inflexível, mas ativo e astuto.
Finalmente um massacre foi a origem da sua decadência.
Pilatos foi acusado pelos membros do Conselho dos Samaritanos, por estar
envolvido num horroso morticínio, que nos é comentado por Flávio Josefo.
«Os Samaritanos também
participaram em algumas agitações,
excitados por um homem que não considerava grave mentir, e que combinava
tudo para agradar ao povo.
No ano 35 Pilatos convidou-os
a subir com ele ao Monte Gerizim,
considerado por eles o monte mais sagrado, e disse-lhes que uma vez no cimo,
lhes iria mostrar vasos sagrados que Moisés ali tinha enterrado para os preservar.
Confiantes nas palavras de
Pilatos, os judeus tomaram as armas e instalaram-se numa aldeia chamada
Tirathana, juntaram-se aos habitantes para juntos iniciarem a subida ao monte.
Pilatos apressou-se a ocupar
anticipadamente a estrada, enviando cavaleiros e a infantaria
que ao seu sinal massacraram
muitos, outros fugiram, fizeram muitos cativos que julgados por Pilatos foram
condenados à morte, assim como os fugitivos mais influentes.
Após este massacre. o
Conselho dos Samaritanos pediu audiência
a Vitelius (Vitélio), personagem consular governador da Síria, e acusaram
Pilatos de massacrar muitas pessoas,
explicando que não foi para
conspirar contra Roma que eles se reuniram em Tirathana, mas sob as ordens do
prefeito Pilatos.
Depois de enviar um dos seus
amigos, Marcellus, para se ocupar dos
judeus, Vitellius ordenou a Pilatos que fosse a Roma explicar ao imperador o
porquê das acusações dos judeus.
Após doze anos de permanência
na Judeia Pilatos apressou-se a ir para Roma
obedecendo às ordens de Vitellius, às quais ele não se podia opor.»
Ponce Pilatos-Prutá, cunhado em 26-36
Anv. Simpulum (concha) TIBEPIOY
KAICAPOC
Rev. LIZ no interior duma coroa
de louro.
(Ref. Hendin 649)
Foi ao imperador Calígula grande amigo dos príncipes da Palestina que na
época governava o império, que Pilatos tentou
justificar o seu horrível ato.
Depois de julgado foi exilado para Viena (Gália) aonde terá cometido suicídio ou foi executado.
Uma cadeia de montanhas “Monte Pilat” terá o seu nome para recordar este
acontecimento.
Outra versão diz-nos que Pilatos faleceu em Roma, e o seu corpo atirado
ao rio Tibre.
Todavia um grande mistério persiste: o seu cadáver terá reaparecido em
Lucerna (Suíça) e foi sepultado no
sopé do monte Pilatus, montanha com vista para a cidade.
Para continuar esta história lendária, diz-se
que Pilatos converteu-se ao cristianismo, e morreu mártir da sua nova religião.
De fato a igreja Ortodoxa Copta fez um santo assim como sua esposa, mas só
a esposa é adorada.
Tertuliano (um dos pais da igreja.
150-230), fez um cristão já no fim da sua vida.
Ele terá tido conhecimento duma carta de Pôncio Pilates a Tibério, na qual
ele tentava explicar o processo de Jesus de Nazaré.
Um relatório existente sobre a crucificação de Cristo, é um tema muitas
vezes evocado na leitura da história do Baixo Império.
Segundo Daniel-Rops no seu livro Jésus
en son temps (Jesus no seu tempo),
ela só terá sido citada no evangelho apócrifico de Nicodemos?
(Apócrifo : diz-se de um texto ou de um livro, cuja autenticidade é duvidosa ou suspeita, ou não ser reconhecida pelo magistério eclesiástico).
(Apócrifo : diz-se de um texto ou de um livro, cuja autenticidade é duvidosa ou suspeita, ou não ser reconhecida pelo magistério eclesiástico).
(Nicodemos
foi um fariseu e contemporâneo de Jesus Cristo. Defendeu-o perante o Sinédrio e
sepultou-o.
Atribuem-lhe um evangelho
apócrifo, outrora chamado de Atos de Pilatos)
Quem era a esposa de Pilatos?
Além de ser mencionada nos evangelhos canónicos, o que sabemos sobre ela?
Segundo a lenda, chamava-se Cláudia Prócula e
seria descendente duma grande linhagem.
Diz-se, mas é muito duvidoso que era neta do
imperador Augusto, (segundo Daniel Rops),
ou sua bisneta (segundo Macrobio).
Pôncio Pilatos-Prutá cunhado em 26-36
Anv. Simplum,
TIBEPIOY KAICAPOC
Rev. LIH
no interior duma coroa de louro
(Ref. Hendin 650)
Acredita-se que era efetivamente descendente duma família nobre,
porque um magistrado romano não podia levar a esposa para a província que Roma
lhe atribuísse para governar.
Todavia Pôncio Pilates levou Cláudia Prócula com
ele para Judeia.
Que
mais dizer sobre Pilatos?
Sabemos
que veio da classe equestre; foi o quinto prefeito da Judeia; e segundo Flávio Josefo só exerceu este cargo durante
10 anos.
Assim que chegou à judeia, Pilatos foi contra os costumes judaicos introduzindo o
retrato do imperador em todas as instituições, e "grande escândalo" confiscou o tesouro do templo para financiar a
construção dum aqueduto para levar água para Jerusalém.
Pilatos o enviado de Tibério,
introduziu durante a noite em Jerusalém imagens
e estandartes com efígies de César (Tibério)
cobertas com um véu.
Ao romper o dia, o espetáculo causou
grande agitação entre os judeus que ficaram
indignados, vendo neste ato uma
violação das suas leis, que não permitem expor nenhuma imagem na cidade.
A revolta do povo de Jerusalém foi comunicada
a toda a comunidade que acorreu de todos os lados.
Os judeus manisfestaram contra Pilatos
em Cesareia, pedindo para retirar as imagem de Jerusalém e manter as leis dos
seus antepassados.
Como Pilatos se recusou, eles
acamparam em torno da sua casa, e ali permaneceram durante cinco dias e cinco
noites.
No sexto dia Pilatos sentado no seu
tribunal (no grande estádio), sob o
pretexto de lhe responder convocou o povo.
Foi então que ele deu o sinal
combinado aos soldados armados para cercar os judeus.
Ao verem as tropas os judeus ficaram
atemorizados perante este procedimento imprevisto.
Depois de declarar que os mandava
matar se eles não aceitassem as imagens de César, Pilatos deu ordem aos soldados para desembainhar as espadas.
Os judeus num acordo comum,
atiraram-se ao chão, estenderam o pescoço declarando preferir morrer que violar
a lei.
Surpreendido perante tanto zelo religioso, Pilatos consentiu
que se retirassem imediatamente todas as efígies e estandartes de Tibério em
Jerusalém.
Fragmento de rocha com uma inscrição que menciona PONTIVS PILATVS
Passado algum tempo, levantou outro
motim ao confiscar o tesouro do templo para a construção de um aqueduto com a
dimensão de 400 estádios, para levar água a Jerusalém.
Perante tão grande sacrilégio o povo
indignado juntou-se em redor do tribunal de Pilatos que então se encontrava em Jerusalém.
(Estádio: (unidade) adotado por escritores romanos, varia segundo o autor.
Alguns adotaram um estádio de 600 pés: o pé romano era 1/25 menor que o pé grego.
Segundo Daniel Engels. o estádio romano media 185m.
Pilatos que tinha previsto esta
revolta, teve o cuidado de misturar à multidão soldados armados vestidos com
roupas civis, proibiu-os de usar a espada, mas tinham ordem de se servirem do
cajado.
Do alto do seu tribunal Pilatos deu o
sinal combinado do ataque.
Grande número de judeus foram massacrados, outros ao tentarem
fugir esmagaram-se mutuamente.
A multidão romana apavorada com este
massacre, permaneceu silenciosa.
Pilatos desapareceu sem deixar rasto na história.
Foi apenas um dos muitos funcionários romanos, mas
que ficou conhecido como um dos protagonistas
da morte de Jesus de Nazaré.
Sem a bíblia Pilatos teria permanecido anónimo.
MGeada
Bibliografia
Jean Pierre
Lémonon ; Ponce Pilate » 1981, réédité en 2007
Daniel-Rops ;
Jésus en son temps- èditions Cerf. 1 de setembro 1976
Flávio Josefo livro I, capítulo IX, 2
a 4.
Bernet Anne ; Mémoires de
Ponce Pilate- Éditions Plomb, Paris, agosto 1998
Sem comentários:
Enviar um comentário