O mito das origens de Roma na numismática
Segundo a lenda
Rómulo fundou Roma no ano 753ª.C..
Antes de iniciar este trabalho sobre as representações de Rómulo e Remo na
numária romana, lembro que muitos autores antigos (por vezes com versões diferentes) evocaram Rómulo e Remo:
Virgílio, Cícero, Propércio, Ovídio, Plínio o Antigo, Tive-Live e outros.
É através da literatura principalmente histórica e poética destes autores
que conhecemos alguns pormenores sobre a fundação da Cidade Eterna.
É uma das muitas lendas que me proponho divulgar neste estudo.
Uma dessas lendas (talvez a mais
célebre) sobre as origens de Roma, foi escrita por Tive-Live (59 a.C.-17d.D.).
Na sua (Ab Urve Condita) História
de Roma desde a sua fundação, tudo terá começado por uma ursupação na família
real de Alba Longa, em que Numitor foi destronado pelo irmão Amúlio e obrigou a
sobrinha Reia Sílvia a servir como Vestale, obrigando-a assim à castidade para
que não pudesse ter filhos. “Futuros pretendentes ao trono”.
(Sacerdotisas da deusa romana Vesta;
as Vestais deviam conservar o fogo sagrado sempre aceso. Eram seis e escolhidas entre jovens
patrícias, filhas de pais livres.
Gozavam de privilégios
especiais mas, se alguma violasse o voto de castidade era sepultada viva no
Campo Scelerato).
No entanto segundo a versão de Tive-Live, depois de ser violada pelo deus
Marte, Reia Sílvia deu à luz dois gémeos: Rómulo e Remo.
Anv. Busto de Antonino laureado à direita,
ANTONINVS AVG PIVS PP.
Rev. Marte com capacete lança e escudo, descendo
do céu
ao encontro da virgem Vestale Reia Sílvia (adormecida),
TR POT COS
III.
Depois deste miraculoso nascimento, o tio mandou prender a sobrinha e deu
ordem aos seus servos para afogarem as
crianças no rio Tibre.
Estes não executaram a ordem recebida, meteram as crinças numa cesta que
lançaram ao rio e terá encalhado junto ao Monte Palatino.
Anv. Busto de Domiciano laureado à direita,
CAEA AVG F DOMITIANVS (legenda invertida).
Rev. Loba à esquerda a amamentar Rómulo e Remo,
e cesta na qual as crianças foram metidas no rio
Tibre,
COS V (quinto
ano de consulado).
Uma loba que por ali passou e ouviu as crianças a chorar, decidiu levá-las
e amamentá-las como se fossem seus filhos.
Mais tarde foram encontrados por um casal de pastores: Fáustulo e a esposa
Aca Larência.
Segundo Tive Live, Aca Laurência era prostituta, também conhecida por Lupa
a (cortesã).
Os pastores alcunharam-na de “Loba”.
Será esta a origem da lenda que diz Rómulo e Remo serem amamentados por uma
loba?
Anv. Busto de Antonino Pio laureado à direita,
ANTONINVS AVG PIVS PP.
Rev. Loba no Lupercal (uma gruta no Monte Palatino)
a amamentar Rómulo e Remo,
TR POT COS III.
Anv. Busto de Antonino Pio laureado à direita,
ANTONINVS AVG PIVS PP TR P.
Rev. Loba no Lupercal a amamentar Rómulo e Remo,
COS III SC.
Anv. Busto de Roma com capacete e drapeada à
direita,
URBS ROMA.
Rev. Fáustulo e Aca Larência encontram a loba e os
gémeos no Lupercal.
(O termo feminino urbs, é
uma palavra latina que na antiguidade designava uma vila.
Não confundir com “polis” que
designava uma cidade e os territórios contíguos.
Quando escrito com letra
maiúscula URBS, designa a vila entre todas as vilas: Roma).
Aquando adultos, Rómulo e Remo decidiram fundar uma cidade, mas
como gémeos interrogavam-se qual o nome que lhe iriam dar: Rómulo ou
Remo?
Como não encontravam um acordo, decidiram que seriam os deuses a escolher.
Nesse momento Remo viu seis abrutes que segundo ele era o sinal esperado.
Rómulo viu doze, sinal mais forte que indica que a nova cidade deve ter o
seu nome.
Remo não concordou e saltou por cima da muralha ainda em construção:
ultraje que o irmão não apreciou e matou-o.
Finalmente a cidade tomará o nome abreviado de Rómulo: “ROMA”.
Esta versão da história sobre as origens de Roma, é provavelmente a mais
célebre.
Outras com bastantes variantes e incertezas existem.
Ovídio nos Fastes escreveu mais ou menos a mesma história que Tive Live,
adicionando mais alguns pormenores num dos quais diz, que um pica-pau também
colaborou na alimentação dos gémeos ao mesmo tempo que a loba.
Virgílio também evoca o nascimento de Rómulo e Remo e o episódio da loba
mas, mais abreviado.
Na sua versão o nome de Reia Sílvia é substituido por Ilia, descendente
direta de Heitor.
(Na mitologia grega um
príncipe troiano, e um dos maiores guerreiros de Troia).
Sem dúvida que queria por em evidência as origens troianas de Roma.
Sexto Aurélio Victor ca 320 - ca 390 a,C., (historiador
e político do Império Romano) também menciona que um pica-pau voou ao encontro
das crianças com o bico cheio de comida para os alimentar.
Isto explicaria segundo o mesmo autor, a razão do lobo e o pica-pau estarem sob a proteção
do Deus Marte.
O mito das origens de Roma tal como existe na literatura antiga não é muito
credível, porque estes são lendas ou tradições, que procuram pelo meio de alegórias
interpretar fenómenos inexplicáveis.
Esta lenda antes de entrar na literatura foi provavelmente uma narração
oral: um modo de transmissão das tradições que provoca alterações na
verdadeira história.
O mito dá uma explicação às coisas que não a têm, e por isso muitas vezes
necessita a intervenção de elementos sobrenaturais.
Rómulo e Remo filhos de Marte, são “provavelmente”
segundo Tive Live “certamente”
segundo Virgílio) semideuses, que sobreviveram graças à intervenção dum animal
selvagem: “a Loba” (por vezes acompanhada
por um pica-pau alimentador).
Rómulo um herói dotado de qualidades sobrenaturais que liderou guerras
contras alguns povos e cidades vizinhas, não desapareceu deste mundo como um
simples mortal.
Segundo Tive Live, un dia em que Rómulo passava em revista o seu exército
no Campo de Marte, rebentou uma violenta trovoada acompanhada por uma eclipse
do sol, quando Rómulo foi envolvido por uma nuvem e desapareceu.
Felizmente o herói fundador de Roma não partiu sem deixar um rumo a seguir.
Passado pouco tempo um romano “Julius Proculus”, alegou que Rómulo lhe
tinha aparecido em sonho, e revelou-lhe que tinha sido raptado pelos deuses.
Ele mesmo se tornou o Deus Quirino (un
antigo deus que representava o Estado Romano).
Pediu que lhe erigissem um santuário no Monte Quirinal (uma das sete lendárias colinas de Roma) e deixou-lhe uma mensagem
antes de desaparecer.
Vai e anuncia aos romanos a vontade dos deuses: a minha querida Roma será a
capital do mundo.
Que a partir de agora eles se iniciem à arte militar, e façam saber aos
seus descendentes que nenhuma força humana resistirá ao exército romano.
Não se podia esperar outra coisa do filho do deus da guerra (Marte).
Anv. Rómulo laureado com barba e cabelo comprido,
MEMMI CF QVIRINVS.
Rev. Ceres sentada com um archote, três espigas e
uma serpente aos seus pés,
MEMMIVS AED CERIALIA PREIMVS.
Já há muito tempo que os historiadores modernos se questionaram quais
podiam ser os elementos históricos reais, do mito das origens de Roma.
O primeiro autor antigo a evocá-lo foi Fabius Pictor em 210 a.C., que
relata eventos que supostamente ocorreram há mais de cinco séculos.
A data da sua fundação 753 a.C., foi arbitrariamente fixada por Varro no
primeiro século a.C..
Na realidade não se conhece a data exata da implementação deste mito das
origens de Roma.
Os arqueólogos datam dos séculos X e XI a.C., os primeiros túmulos de incineração
encontrados em Roma, que não são mais que restos de cabanas.
Esta visão arqueológica e concebível, desmente o mito da fundação de Roma
pelo herói sobrenatural: “Rómulo”.
Motivo da lenda das origens de Roma representada na numismática romana?
O mito das origens que permite de se situar no tempo, e fazer a ligação com
o passado e o futuro, é normal que motivasse algumas representações
numismáticas.
Estas imagens são antigas e constantes na numária da República e Império
Romano.
Um sestércio cunhado em 217-215 a.C., mostra a loba a amamentar Rómulo e
Remo, enquanto cinco séculos mais tarde, o mesmo símbolo aparece numa moeda
comemorativa cunhada no reinado de Constantino I, 306-337.
Anv. Loba à direita a amamentar Rómulo e Remo,
dois glóbulos e três espigas.
Rev. Águia à direita com uma flor no bico, dois
glóbulos, ROMA.
(Para alguns historiadores
não é uma flor que a águia tem no bico, mas comida destinada a Rómulo e Remo;
porque a águia é um dos atributos de Júpiter, que também terá ajudado a
alimentar os gémeos).
Na maioria dos casos, o mito das origens de Roma, é representado por Rómulo
e Remo a serem amamentados pele loba sem outros pormenores.
A loba só, também aparece com alguma frequência.
A questão que se põe é: representa a loba que amamentou Rómulo e Remo?
Ou uma referência à festa da Lupercália que era festejada todos os anos do
13 ao 15 de fevereiro?
Durante este festival os celebrantes reuniam no Lupercal, local onde
segundo a lenda Rómulo e Remo foram aleitados pela loba.
(O nome da festa supõe-se
derivar de lupus (lobo)).
Excepto alguns casos (raros) a
cabeça da loba tal como descrita por Sexto Aurélio Victor e Tive Live, está
sempre virada para os gémeos o que indica que se ocupa cuidadosamente deles.
Anv. cabeça de Marte com capacete à direita, VTX.
Rev. Loba à esquerda, ROMA P SATRIE NVS.
Anv. Busto de Trajano laureado à direita,
IMP CAES NERVA TRAIAN AVG.
Rev. Loba à esquerda, SC.
O mito das origens também faz referência a sítios bem reais: além do
Lupercal acima evocado, a Figueira Ruminal situada no Comitium, foi considerado
como o lugar exato onde encalhou o berço com as crianças.
Esta árvore muito venerada, segundo Plínio o Antigo era sempre um mau
presságio quando secava, por isso os sacerdotes apressavam-se a plantar outra.
A Figueira Ruminal aparece representada num denário de Sexto Pompeio Festo,
cunhado no ano 137 a.C..
Na árvore venerada aparecem três pássaros, dos quais o do centro aparenta
ser o pica-pau referenciado por Ovídio e Sexto Aurélio Victor.
Quanto aos outros dois, não se sabe exatamente o que eles representam.
Anv. Busto de Roma com capacete à direita, X
Rev. Pastor, loba a amamentar os gémeos e Figueira
Ruminal com três pássaros,
SEX POMP FOSTLVS
ROMA.
Um denário anónimo cunhado em 115-114 a.C., também representa uma
composição original onde figuram dois pássaros.
Aqui mais uma vez se desconhece a qual elemento exato, nem a qual versão do
mito eles correspondem.
A originialidade desta moeda, é a presença duma alegória de Roma sentada
num escudo que contempla Rómulo e Remo a serem amamentados pela loba que, “único
fato conhecido” é apresentada de
costas.
Anv. Busto de Roma com capacete e colar à
direita, X ROMA.
Rev. Roma com um pau sentada num escudo,
loba “de costas” a amamentar os gémeos e dois
pássaros.
O fundador da Cidade Eterna também é representado no reverso dum áureo de Alexandre
Severo, onde ele caminha com um passo
decidido com um troféu no ombro e uma lança na mão, tal como seu pai
Marte, numa moeda do imperador
Tito.
Este mesmo tipo também aparece em moedas dos imperadores Antonino Pio e
Adriano.
Anv. Busto de Alexandre Severo laureado e drapeado
à direita.
IMP SEV ALE XAND AVG.
Rev. Rómulo com coroa radiada, vestido de militar
com lança,
e troféu no ombro, caminhando para a direita.
P M TR
P VIII COS IIIP P.
Anv. Busto de Tito laureado à direita,
TI CAESAR VESPASIAN IMP III PON TR POT III COS III
Rev. Marte nu, com lança e troféu no ombro,
caminhando para a direita, SC.
Anv. COS III.Busto de Antonino laureado à direita,
ANTONINVS AVG PIVS PP TR P.
Rev. Rómulo vestido de militar com lança e troféu
no ombro
caminhando para a direita,
ROMVLO AVGVSTO
SC.
Anv. Busto de Adriano laureado à direita,
ADIANVS AVG
COS III PP.
Rev. Rómulo vestido de militar com lança e troféu
no ombro,
caminhando para a direita,
ROMVLO CONDITORI
(Rómulo o fundador).
A imagem de Rómulo e Remo a serem alimentados pela loba também foi
associada a temas tradicionais da numária romana.
Uma moeda de Panormos (Sicília),
representa no anverso Jano, (um dos
maiores e mais antigos deuses do Panteão Romano), e no reverso a cena
clássica da loba com Rómulo e Remo.
Anv. Cabeças opostas de Jano.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo, P TE..
(Panormos:
nome grego antigo de Palermo)
Num follis de Maxêncio do início do século IV d.C., Rómulo e Remo aparecem
juntamento com os Dióscuros (Castor e
Pólux): mais uma composição tradicional e muito antiga em moedas romanas.
Anv. Busto de Maxêncio laureado à direita,
IMP C MAXENTIVS P F AVG.
Rev. Os Dióscuros de frente, no centro a loba e os
gémeos.
AETERNITAS AVG N HOSTT.
É sobre a forma de uma estátua que o símbolo de Roma também foi
representado num follis de Maxêncio, onde a loba e os gémeos ornamentam o
frontão dum templo tetrástico, no interior do qual a alegória de Roma dá um
globo a Maxêncio.
Anv. Busto de Maxêncio laureado à direita,
IMP C MAXENTIVS P F AVG.
Rev. Templo tetrástico: no interior a alegória de
Roma
a dar um globo ao imperador, CONSERV VRB SVAE AQP.
No frontão: a loba
e os gémeos.
As imagens da fundação de Roma nas moedas desde as suas origens até ao século IV d.C., sem serem muito frequentes são diversas.
A imagem da loba com Rómulo e Remo é a mais representada, e podemo-nos
interrogar sobre as razões que levaram à emissão destas moedas e, quais foram
as fontes de inspiração dos gravadores de cunhos.
Estas alusões às origens de Roma, foi provavelmente a intenção de
apresentar uma iconografia que caracterize bem a Cidade Eterna, por isso os
gémeos foram objeto de muitas emissões monetárias.
Contudo, este tema continua a ser muito marginal na numária romana antiga,
porque durante o período da República, a imagem de Jano ou a cavalgada dos
Dióscuros foi representada com mais frequência que a lendária fundação de Roma.
Ainda que tipicamente romano, o tema com Rómulo e Remo também aparece em
cunhagens provinciais romanas. Uma possível probalidade das cidades emissoras
evidenciarem seja as suas origens romanas, ou o seu compromisso com Roma.
Macrino AE 27 cunhado em Laodiceia, 217-218.
Anv. Busto de Macrino laureado à direita,
IMP C M OP SEVE MACRINOS AVG.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo,
ROMAE FEL.
Anv. Busto da Niké coroado e drapeado à direita,
AV GO TRO.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo,
COLOGV TRO.
(Niké ou Nice: deusa grega que personificava a Vitória).
Gordiano III- AE 35 cunhado entre 238-244
Anv. Busto de Gordiano laureado e drapeado à
direita,
IMP CAES M ANT GORDIANVS AVG.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo,
CAES ANTIOCH COL SR.
Rómulo e Remo enquanto símbolo de Roma, também foram utilizados por Constantino I no século IV, para comemorar a fundação de Constantinopla, “Nova Roma” em emissões monetárias que celebram a antiga e a nova capital do Império.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo,
CAES ANTIOCH COL SR.
Rómulo e Remo enquanto símbolo de Roma, também foram utilizados por Constantino I no século IV, para comemorar a fundação de Constantinopla, “Nova Roma” em emissões monetárias que celebram a antiga e a nova capital do Império.
Anv. Busto de Constantino com capacete e drapeado
à esquerda,
URBS ROMA.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo, duas
estrelas,
(referência
às duas cidades ) ISIS.
(Emissão
comemorativa da transferência da capital para constantinopla).
De um modo geral, a imagem das origens de Roma marca perfeitamente um laço com o passado, em que o mito desempenha plenamente o seu papel e constitui um marco no tempo.
Filipe I representou-o numa moeda aquando dos Jogos Seculares.
Anv. Busto de Filipe com coroa radiada e drapeado à
direita,
IMP PHILIPVS AVG.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo,
SAECULARES AVGG
II.
No fim do século III início do IV, a recordação das origens nomeadamente
por Probo e Maxêncio não deixam dúvidas num período particularmente perturbado,
em que é necessário recordar os marcos históricos que na realidade são
mitológicos.
Anv. Busto de Probo com couraça e coroa radiada à
direita,
IMP C PROBVS PF AVG.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo,
ORIGINI AVG XXIT.
Estes temas ilustrados, nomeadamente a loba a aleitar Rómulo e Remo,
tranquilizam o povo numa época em que o Império conhece grandes agitações
militares, políticas e culturais.
Anv. Busto de Maxêncio de frente, com barba e
drapeado,
MAXENTIVS FELICITAS AVG N PH.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo,
TEMPORVM FELICITAS AVG PH.
A iconografia monetária do tipo das origens terá tido diferentes fontes.
Antes de alguns autores o escreverem o mito era oral, e os gravadores de
cunhos particularmente durante o período da República, representaram nas moedas a versão do
mito do qual eles tinham conhecimento.
As imagens criadas por eles são por isso difícies de interpretar.
Tal como na literatura, o mito caracterizado nas moedas também não
apresenta uma única versão.
Anv. Busto de Hércules com diadema à direita.
Rev. Loba a amamentar Rómulo e Remo, ROMAN.
(Raríssima
com os gémeos nesta posição:
um com o
joelho no chão, o outro em pé).
A estatuaria também terá tido um papel muito importante.
Não muito longe da Figueira Ruminal, uma estátua de Rómulo e Remo a serem
aleitados pela loba foi erigida no ano 296 a.C., e é provável que tenha
influenciado os gravadores dos cunhos que representam a loba e os gémeos.
Este mito das origens de Roma desapareceu da numária romana no século IV
d.C..
Portanto naquela época, esta lenda ainda estava bem ancorada nas crenças do
povo.
Quase no fim do século IV, o talentuoso autor da História Augusta por ter
grande conhecimento literário, citou muitas vezes Rómulo e Remo.
Neste caso porque motivo deixou de se representar este mito nas moedas?
Duas razões principais explicam este eclipse definitivo de Rómulo e Remo
como tema monetário.
Anv. Busto de Constantinopla com capacete e
drapeado, com um cetro ao ombro,
CONSTAN
TINOPOLIS.
Rev. Vitória sobre a proa dum navio, com as asas
abertas e um cetro,
apoiada num escudo e cristograma.
(Emissão
comemorativa da transferência da capital para Constantinopla).
A fundação de Constantinopla (Nova
Roma) e a adoção do cristianismo por Constantino, provocou a perda da
influência política de Roma e, ao mesmo tempo consequência lógica da sua
mitologia.
Por outro lado o mito de Roma de origem pagã, não se pode misturar com a
nova religião oficial.
O "cristianismo".
O "cristianismo".
MGeada
Bibliografia
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Edição abreviada. São Paulo. Companhia das Letras: círculo do Livro, 1999.
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Romain et son Utilization Politique. À Rome aux trois derniers siècles de la
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Manuel Félix Geada Sousa ; História dos Monumentos
Romanos Contada Através das Moedas- Edição Alma Azul, Coimbra/Castelo Branco,
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International Editeurs, maio 1999.
Pierre Grimal ; L’Empire
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(Qui sais-je ?, 216) ;
Les Origines de Rome, Paris, 1973,
Tive Live ; Histoire
Romaine I- Les Origines de Rome, Édition de Dominique Briquel-22-11-2007.
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