Saladino (Salah al-Din ) faz parte desses personagens históricos que marcaram a sua época e deram origem a uma abundante literatura laudatória muitas vezes lendária.
Não há dúvida que a comparação das
fontes textuais, epigráficas, numismáticas ou arqueológicas sejam elas do
Oriente ou Ocidente são interessantes mas, além da real personagem do sultão, também
temos que ter em conta a elaboração da sua imagem refletida nas obras dos seus
panegiristas, nas lendas e até os discursos políticos dos nossos dias, para
tentarmos compreender os motivos e significação de tal posteridade.
De origem curda, Yusuf ibn Ayyub nasceu em 1138 em Tikrit (Iraque), e faleceu em Damas no dia 4 de
março de 1193.
Conhecido nos países muçulmanos por “al-Malik al-Nasir Salah al Din” (o rei vitorioso, retidão da religião) é
sob o nome de “Saladino” que o nosso personagem é conhecido na história
europeia.
Fels AE (bronze)
cunhado em Damas, cerca de 570-571, Hégira.
Anv. Al
Nasir Salah al Din Yusuf I (Saladino).
Rev. Al-Salih Ismail.
(Raro, primeiro tipo enquanto regente do soberano
zengide Al-Salih Ismail,
do qual o nome figura
no reverso desta moeda.
Interessante
testemunho dum período das cruzadas).
Entre 1164 e 1169, o emir Nur al-Din (fevereiro
1118-maio 1174) que lutava contra os cruzados, enviou-o juntamente com o
seu tio Chirkuh (oficial curdo) retomar
o Egito aos califas Fatímidas.
(Este califado rival dos
Abássidas de Bagdá (ou bagdade), foi sempre um obstáculo na luta contra os
cruzados).
Fels AE cunhado em Damasco.
Al-Mustansir (1036-1094),
Dinar AU (ouro).
Al-Musta’sim Billah, Dinar AR (prata).
(último califa
abássida a reinar em Bagdá, de 1242 a 1258).
Em 1169 após à morte do seu tio, Saladino sucedeu-lhe como “vizir” (primeiro ministro) do califa Fatímida
do Cairo.
Em setembro do ano 1171, derrubou o último califa Fatímida, proclamou-se
sultão e restabeleceu a suserania dos califas Abássidas do Egito.
Em 1174, à morte de Nur al-Din (emir de Alepo desde 1146), encontrou-se
mestre do Egito e da Síria, finalmente unidos na luta contra os cruzados.
Ainda em 1174, lançou
as hostilidades e atacou Kerak, (fortaleza
defendida por Renaud de Châtillon), para proteger os caminhos de
peregrinação em direção da Meca.
Besante AU,
atribuído a Reinaldo de Châtillon 1125-1187.
Enquanto continua os seus esforços para reunir num único Estado
as terras muçulmanas, Saladino alargou o seu poder até à Síria do Norte, e
norte da Mesopotâmia, eliminando quando necessário os seus rivais muçulmanos.
A união tão temida pelos cristãos surgie sob a égide deste chefe
providencial, o curdo “SALADINO”,
Após a submissão de Alepo em 1183, (cidade do norte da Síria) e depois Mossul 1186, (cidade do norte do Iraque), numerosos
exércitos muçulmanos, aliados sob o comando de Saladino, preparam-se para
combater os cruzados.
En 1187, invadiu o Reino Latino de Jerusalém, venceu os
francos na batalha de Hattin na Galiléia, e tomou Jerusalém dia 2 de outubro do
mesmo ano, que deu origem à terceira cruzada para reconquistar a Cidade Santa
em 1189.
Seguiram-se importantes combates em que Saladino foi
obrigado a restituir aos cruzados Acre (após
um longo cerco), Jafa e Ascalão, mas manteve Jerúsalem.
Em 1192, assinou um tratado de paz com Ricardo Coração de
Leão rei da Inglaterra, que permitiu aos cristãos retomar toda a costa de Jafa
a Tiro, e aos muçulmanos conservar Jerusalém.
No dia 4 de março 1193, Saladino faleceu em Damas em
consequência de doença grave, deixando um império dividido entre os seus
diferentes filhos e irmãos.
No mundo Árabe-Muçulmano o direito de cunhar moeda era um
privilégio real (Sikka em árabe) que
o Califa tinha e exercia em nome de Deus.
A partir do século X, época em que os califas começaram a perder a sua supremacia, alguns
soberanos locais cunharam moeda em seu nome mas, o nome do califa aparece
sempre no anverso das moedas, sinal de autoridade ainda que por vezes fictícia.
Desde a morte de Nur al- Din (1174) que Saladino emitiu dinares de ouro em none do califa
al-Nasir sobre os quais também figura o seu nome.
De igual modo, em 1176 recomeçou em Damas depois em Alepo,
a cuhagem de moedas em prata parada há mais de um século.
Os seus diremes (dirheme ou dirhame) sírios em prata, têm aproximadamente 2,97grs..
No anverso figura o título completo do califa e a sua profissão da fé.
No anverso figura o título completo do califa e a sua profissão da fé.
No reverso, o título de Saladino, a oficina nonetária e
data.
Anv. al-iman al-na sir li-din allah amir al-mu´minin.
O imman al-Nasir li din Allah,
comandante dos crentes (no interior dum
quadrado).
Legenda circular: la ilah illa allah
wahdahu muhammad rasu i allah.
(ninguém acima de Deus único, Muhammad
(Maomé) é o mensageiro de Deus).
Rev. al-Malik al na
Salah al-d unya wa i din.
O rei vitorioso, justiça do mundo e da
fé (no interior dum quadrado).
(Notar que as
legendas religiosas são mais discretas favorisando as titelaturas dos soberanos).
A Estrela de Davi (conhecida
como escudo supremo de Davi, “David”, ou estrela de seis pontas) é a imagem
característica da oficina de Alepo desde 1184, enquanto em Damas cunharam-se
diremes com um quadrado no interior de um círculo.
Talvez seja simplesmente um elemento decorativo mas, também
podemos ver nesta estrela de Davi, uma referência direta à vontade de
reconquistar Jerusalém.
Anv. al-iman al-Nasir li-din Allah
amir al-Muminin, (no interior da estrela).
Legenda circular: Não existe mais nenhum Deus,
além de Deus,
Maomé é o mensageiro de Deus din yusuf ibn Ayyub.
Rev. al-Malikal-Nasir Salah al-din Yusuf inn
Ayyub, (no interior da estrela).
Legenda circular: Este direme foi cunhado em Alepo
no ano 584, Hégira.
Saladino reconquista Jerusalém e
põe fim à era das cruzadas.
Senhor do Egito e da Síria, o sultão
Saladino conquistou uma grande vitória ao vencer o exército dos cruzados no dia
4 de julho de 1187 perto do lago de Tiberíadas (ou mar da Galileia).
Esta batalha terminou com a reconquista de
Jerusalém pelos muçulmanos e torna ilusória a presença dos cruzados na Terra
Santa.
Ao longo dos anos os cruzados vindos da
Europa, foram sendo assimilados à
população local contraindo casamento com mulheres (entre
outras nacionalidades) gregas, armênias, sírias, que transmitiram aos
filhos uma mestiçagem cultural.
Na
sua constante luta e defesa do território contra os mulçulmanos, foram ajudados pelo fluxo permanente dos
peregrinos armados vindos do Ocidente.
Por não compreenderem o relacionamente
cultural dos cruzados já ali instalados com os vizinhos turcos ou árabes, os
novos cruzados impacientes para lutarem contra os infieis, mostravam um certo
desprezo para com eles e seus descendentes.
Isto, mesmo apesar dos reis que se
sucediam em Jerusalém, fazerem o necessário para impedir esta discriminação
entre cristãos.
Direme AE, 1169-1193.
Anv. Saladino sentado de
frente e legendas.
Rev. Legendas.
Aiúbidas: al-Nasir Salah al-Din Yusuf I (Saladino).
Direme AR, 1169-1193 cunhado em al-Caira (Cairo).
1169-1193, Direme AR cunhado
em al-Caira (Cairo).
(este direme "preto" só circulou no Egito).
Direme AR, 1169-1193, cunhado
em Halab (Alepo).
(Halab
é uma das cidades mais antigas habitadas
do mundo : já existia na época do Paleobabilónico, 1894-1595 a.C.).
Fels AE, cunhado em Alepo.
Fels AE, cunhado em Damasco.
CRUZADAS
Papa Urbano II.
Convocada em França , como uma guerra santa
pelo papa Urbano II, teve inicío com a partida rumo a Jerusalém em 1096.
Consquistaram a Terra Santa, o
principado de Antioquia e os condados de
Trípoli (Libano) e Edessa (hoje Sanliurfa na Turquia), ficando
praticamente independentes do rei de Jerusalém.
Durante esta expedição foram fundados
vários estados no Oriente Próximo denominados
por Outremer (Além Mar), que
estavam organizados segundo as leis feudais.
Segunda
Cruzada 1147-1149
São Bernardo.
Estimulada por São Bernardo, tendo em
vista a provável retomada de Edessa pelos islâmicos da cidade, esta cruzada só
não foi considerada um fracasso total, porque Lisboa acabou por ser conquistada
aos mouros pelos cruzados vindos de Flandres e da Inglaterra, que se dirigiam para
a Palestina.
Pintura de Roque Gameio (O Cerco de Lisboa)
A conquista de Lisboa foi de primordial
importância para o Reino de Portugal.
Além disso, os cruzados normandos também
conquistaram aos infieis algumas possessões que posteriormente pertenciam ao
Império Bisantino: Corfu (ou Córcira),
Corinto e Tebas.
Esta cruzada, não teve o mesmo ardor e
empenho da primeira e as consequências foram graves, porque grande parte das forças pereceram na
Ásia Menor, e as que conseguiram alcançar a Palestina, foram derrotadas quando
tentavam tomar Damasco em 1148.
Um desastre, que deixou um profundo
ressentimento no Ocidente, contra o Império do Oriente perante este insucesso.
Terceira
Cruzada 1189-1192
Papa Gregório VII.
Pregada pelo papa Gregório VII, foi
organizada depois da retomada da Cidade Santa “Jerusalém” pelo sultão
“Saladino”.
Com a participação do rei Ricardo Coração
de Leão da Inglaterra, do imperador Frederico I (Barbaruiva ou Barbarossa) do Sacro Império Romano-Germânico e
Filipe Augusto de França, ficou conhecida como “Cruzada dos Reis”.
Ricardo I (Ricardo Coração de Leão) Denier (dinheiro) AR, 0,8 gr..
Anv. RICAR DVS REX.
Rev. PIC TAVIE NSIS.
Foi nesta cruzada que Ricardo Coração de Leão assinou um acordo com
Saladino que permitia aos cristãos peregrinar com segurança até á Terra Santa.
Frederico Barbarossa que contava na época
67 anos, devido ao peso da armadura que vestia, morreu afogado na Cilícia (região histórica da Anatólia) no dia 10 de junho de 1190, ao tentar atravessar
o rio Sélef (hoje Goksu).
Período de Frederico I (Barbaruiva ou Barbarossa), 1151-1190.
Anv. PHILIPVS REX.
Rev. PARISII CIVIS.
Quarta
cruzada 1202-1204
Empreendida por Balduíno I e Bonifácio I Marquês de
Montferrat, esta cruzada teve grandes consequências políticas e religiosas,
porque em vez de se dirigir diretamente para a Terra Santa, ponto essencial do
conflito entre cristãos e muçulmanos, optou por se dirigir para Constantinopla.
Trachy (desprezível ?) em bolhão cunhado em
Tessalonica.
Anv. Imperador e Santo Militar
de frente.
Rev. Busto de Cristo
ninbado segurando os evangelhos.
O papa Inocêncio III que não ficou
satisfeito, proibiu esta decisão que tinha como principal objetivo, derrubar o
imperador Aleixo III, tudo isto por causa da promessa de Aleixo (futuro Aleixo IV) filho do deposto
Isaque II, que prometeu aos cruzados boa
recompensa pelo auxílio prestado para assumir o governo do Império.
Electrum cunhado em
Constantinopla.
Anv. Cristo aureolado sentado
num trono, abençoando com a mão direita.
No exergo, livro dos
evangelhos (sem legenda).
Rev.
Aleixo à esquerda e St. Constantino em pé com um estandarte,
ALEZIC
DECPoKXCTAN.
Tetarteron AE, cunhado em Tessalonica.
Anv. Busto do Arcanjo S.
Miguel com um cetro
na mão direita, O/X AP – X/MI (Arcanjo S. Miguel).
Rev. Busto coroado de
Isaque II com um cetro cruciforme
na mão direita, I/CA/AKI
- D/ES/PO/TH (Isaque despota)
O imperador foi vencido, mas Aleixo não
conseguiu cumprir as suas promessas,
motivo pelo qual os cruzados tomaram e saqueram Constantinopla.
As relíquias religiosas foram as mais
cobiçadas: o Império Oriental foi dividido, Balduíno I foi nomeado imperador e
um patriarca latino foi designado papa.
Esta conquista foi um autêntico desastre
porque além de enfraquecer o Império Oriental, agravou as hostilidades entre a
cristandade grega e latina.
Cruzada
das crianças 1212
Cruzada das crianças por Gustavo Doré
Por acreditarem que estavam possuídas do
poder Divino, e por isso alcançariam com facilidade e sucesso a tomada de
Jerusalém, multidões de crianças e jovens adolescentes partiram de França e do
Sacro Império, em direção aos portos marítimos para embarcarem rumo à
Palestina.
Esta cruzada teve um final trágico. Muitos
pereceram na viagem, e os sobreviventes assim que acostaram no porto de
Alexandria, foram vendidos como escravos aos muçulmanos pelos mercadores de
Marselha.
(Em
todas as versões conhecidas, as cruzadas das criançam foram trágicos
acontecimentos. Os peregrinos nunca
conseguiram chegar ao seu destino: “A Terra Santa”).
Quinta cruzada-1217-1221
Pregada em 1215 pelo papa Inocêncio III no
quarto Concílio de Latrão, foi posta em prática por Honório III seu sucessor, e
liderada por André II rei da Hungria, Leopoldo VI, duque da Áustria, João I de
Brienne (rei em título de Jerusalém),
e Frederico II, imperador do Sacro Império.
Um Tari AU, cunhado em
Messina, cerca de 1231.
Anv. Pseudo crucifixo e
legenda circular. IC XCNI KA.
Rev. Seis glóbulos no
interior de um círculo.
Denário AR cunhado em
Damiata.
Anv. Cruz cantonada,
IOHES REX.
Rev. Busto de frente,
DAMIATA (raríssimo).
Decidiu-se que antes de conquistar
Jerusalém, tinham que conquistar o Egito por este controlar essse território.
Em maio de 1218, sob o comando de João de
Brienne o exército de Frederico II rumou ao Egito.
Desembarcados em São João d´Acre, depois
de conquistarem uma pequena fortaleza, aguardaram reforços. Em agosto
auxiliados pelas tropas papais atacaram Damieta, cidade que lhes dava acesso ao
Cairo.
Depois de alguns insucessos e a causa
parecia perdida, uma crise na liderança egípcia permitiu aos cruzados ocupar o
campo inimigo, e numa paz negociada em 1219 com os muçulmanos, Jerusalém era
oferecida aos cristãos em troca da sua retirada do Egito.
Os chefes cruzados nomeadamente o cardeal
Pelágio, recusaram tal oferta objectivo máximo dos cristãos, por considerarem
que os muçulmanos não conseguiriam resistir aos cruzados quando chegasse
Frederico II com os seus exércitos.
Denário em bolhão cunhado em Messina.
Depois de cercarem o porto egípcio de
Damieta, e algumas batalhas onde sofreram grande derrota, o sultão voltou a
renovar a proposta que foi novamente recusada.
Após um longo cerco que durou de fevereiro a novembro de
1219 a cidade caíu, mas os desacordos entre cruzados eram tão frequentes que
permitiram aos egípcios recuperarem forças.
Em julho de 1221 o cardeal ordenou uma
ofensiva contra o Cairo, onde os muçulmanos propositadamente foram recuando até
que os cruzados cairam numa armadilha.
Cercados e esfomeados, tiveram que chegar
a um acordo: retirar-se do Egito com as vidas salvas, e aceitar uma trégua por oito anos.
Como os reforços prometidos por Frederico
II não chegaram, os seus objetivos não foram alcançados, e deu origem a que
Frederico fosse excomungado pelo papa Gregório IX.
Foi esta a última cruzada em que as forças
papais participaram.
Sexta
cruzada -1228-1229
Lançada em 1227, pelo imperador do Sacro
Império Frederico II que tinha sido excomungado pelo papa, só no ano seguinte
ganharia forma.
Denário em bolhão cunhado
emMessina 1225.
Genro de João de Briente herdeiro do trono
de Jerusalém, Frederico pretendia reclamar os seus direitos sobre Chipre e
Jerusalém.
Assim que a frota rumou em direção do
Oriente, Frederico recebeu uma mensagem de paz do sultão do Egito que atrasou a
sua progressão, e deu origem a que ele fosse excomungado pelo papa.
Finalmente no verão de 1228, após alguma
hesitação acabou por partir para o Oriente e assim se livrar da excomunhão
imposta por Gregório IX, por ter demorado a entrar na luta.
Ao mesmo tempo o papa proclamou outra
cruzada, desta vez contra Frederico e atacou as suas possessões na Península
Itálica (Chipre e Acre), no entanto estas pretenções não tiveram
sucesso.
O exército (reduzido) de Frederico auxiliado por cavaleiros da Ordem Teutónica
(estes sob o comando do 4° Grão Mestre
Herman von Salva), foi diminuindo com deserções e hostilidades das forças
cristãs locais, devido à sua excomunhão pelo papa.
4° grão-mestre da
Ordem-Teutónica.
Aproveitando as discórdias entre os
sultões de Damasco e Egito, Frederico conseguiu através da diplomacia um
vantajoso tratado com o Egito de Malik Al-Kamil, sobrinho de Saladino.
Direme de prata com o nome adicionado do
herdeiro.
(wali
ahduhu) al-Malik al-Kamil,
cunhado em al-Qahira (Cairo).
Pelo tratado de Jafa (1228) ganhou Belém,
Nazaré e Sidon (um caminho aberto para o
mar), além de uma treva por dez anos.
Em contrapartida os cristãos reconheciam a
liberdade de culto para os muçulmanos, o que deu origem a que Frederico fosse
outra vez excomunhado pelo papa.
Coroado rei de Jerusalém, atacado pela
igreja e receoso de perder o trono na Germânia e Nápoles, regressou à Europa
onde retomou relações com Roma em 1230, mas a derrota dos cristãos em Gaza,
fez-lhe perder os tronos do Sacro Império.
Após a expiração da trégua de 1228, uma
expedição militar critã liderada por Ricardo da Cornualha e Teodebaldo IV de Champanhe,
com poucos homens e poucos recursos, partiu com destino à Terra Santa.
Obolo AR, cunhado em Provins.
Anv. Cruz,
TEBAT COMES.
Rev.Cruz,
CASTRI PRVVINS.
Destinada a reforçar a presença cristã nos
lugares santos , não pode impedir que no ano 1244 Jerusalém caísse nas mãos dos
turcos muçulmanos.
No ano seguinte deu-se o desastre de Gaza.
Sétima
cruzada 1248-1254
Quando em 1244, o papa Inocêncio IV abriu
o concílio de Lião, o rei de França Luis IX (São
Luis) expressou o desejo de ajudar os cristãos do Levante (Mediterrãneo).
Tournois (tornês) AR.
Anv. LVDOVICVS REX.
Rev. TVRONVS CIVIS.
Os preparativos que demoraram três anos
permitiram ao rei francês reunir um exército de 35 000 homens, e
aproveitando as perturbações causadas pelos mongóis no Oriente, partiu das Aigues-Mortas para o
Oriente, onde após uma escala em Chipre, rumou em direção ao Egito.
Em junho de 1249 retomou Damieta, cidade
estratégica que iria servir de base para a conquista da Palestina.
Esta tentativa fracassou por causa de uma
inundação no Nilo, e dos muçulmanos se apoderarem das provisões alimentares, o
que causou muita fome e algumas doenças como o escorbuto, no exército de Luis
IX.
Perante este cenário e com o exército
decimado pelo tifo, São Luis retirou-se e foi preso em Almançora (ou Mançura, capital de província egipta)
e libertado após o pagamento de um
resgate de 800 000 peças de ouro, e a restituição de Damieta em maio do
ano 1250.
(Foi
graças a persistência da rainha) em Damieta, que conseguiram negociar com os
Egípcios).
Livre, seguiu para a Terra Santa com o seu
irmão Carlos d’Anjou, onde permaneceu até 1254, o tempo de conseguir recuperar todos
os prisoneiros, e fortificado a defesa das cidades francas no Oriente Médio. (Indiretamente as invasões mongólias deram o
seu contributo).
Anv. KAROLVS . S. P. Q. R. .
Rev. RO MA CAP MVNDI.
Durante a viagem de regresso a frança,
recebeu a notícia (que a regente) sua
mãe Branca de Castela tinha falecido.
Oitava
cruzada 1270
Medalha comemorativa.
Também comandada por Luis IX, a situação
no Oriente Próximo apresentava-se mais complicada que em qualquer outro período
anterior das cruzadas.
Cunhado em São João de Acre.
Símbolos cristãos com legendas
religiosas cristãs escritas em árabe.
Em 1266 os egípcios da dinastia Mameluca,
tomaram Cesareia Marítima, Haifa e Arsurf: ocuparam a Galiléia, parte da Arménia e em 1268, conquistaram
Antioquia.
O Oriente Médio vivia então uma época de
anarquia entre as ordens religiosas que deviam defendê-lo.
As discórdias entre os comerciantes
genoveses e venezianos, motivaram o rei Luis IX a retomar o espírito das
cruzadas em 1270, embora sem grande motivação na
Europa.
Sultao al-Malik az-Zâhir Rukn an-Din Baybars
al-Buduqdari, 1263-1273.
(Conhecido
por Baybars, teve o simpático cognome de: “A Besta”).
Com objetivo diferentes aos anteriores,
Luis IX dirigiu-se em primeiro ao Egito que estava a ser devastado pelo sultão
Bibars mas,
o teatro das operações previsto não era o Oriente, mas Tunis com a finalidade
de converter ao cristianismo o emir desta cidade norte-africana.
Como quase todas as operações de São Luis,
esta também não teve sucesso porque nem sequer tiveram oportunidade de
combater.
Assim que as forças francesas desembarcaram,
foram devastadas por uma peste que assolava a região e ceifou inúneras vidas
entre os cristãos, entre eles o próprio rei e um dos seus filhos, no dia 25 de agosto do ano 1270.
Escudo dos cruzados
(Quando em
1457, o Papa Calisto III enviou a D. Afonso V a bula da cruzada contra os
turcos otomanos, o rei mandou cunhar uma
moeda em ouro fino com o nome de cruzado (CRVSATVS),
com dois grãos a mais de peso sobre todas as moedas da cristandade.
(O grão é uma unidade de medida de massa
equivalente a um sétimo do milésimo (1/7000) da libra e equivale
aproximadamente a 64,8 miligramas ou 0,0648 gramas.)
Na própria
moeda encontra-se escrita a palavra com que foram denominados, tal a
importância que o rei deu a este empreendimento.
No
reverso, o fato de inserir a cruz de S.
Jorge, também é significativo, e foi a primeira vez que a cruz do santo
padroeiro de Portugal foi aparececeu em
moedas portuguesas .)
Anv.CRVSATVS.ALFONSI.QUINTI:REGIS.P(ORTVGALIA.
Rev.ADITORIVM:IN:NOMI:(N)E(DOMINI).
Principado
de Antioquia-Denário AR.
Anv.BOHNVHDVS.
Rev.UHTIOCHI.
Direme AR emitido pelos
cruzados de Acre,
imitativo das moedas locais
dos árabes.
Emitida em nome de Al Malik
Salih da dinastia dos Ayúbbidas (de Saladino), que foi sultão de Damasco entre
1239-1245, também menciona Al Mustansir, sultao dos abássidas.
Anv. (Legendas
em árabe): Al Iman Al Mustansir
Billah abu Jaffar
A l Mansur Amir Al Mu’minin.
Legenda circular: Cunhada em
Damasco no ano 1253.
Rev. (Legendas em árabe): Al Mallik
Al Salih Imad Al Dunya Wa’l Din Ismail Abr Bakir
Legenda circular: Em none de
Deus, o clemente e misecordioso.
(Os cruzados imitavam
as moedas locais para que fossem aceites no comércio da região. Esta é do
segundo tipo e já não traz o nome de Maomé, proibido pelo papa.)
(Após reclamações pontificais, a partir do ano
1250 foram adicionados símbolos cristãos
nas moedas dos cruzados emitidas na Terra Santa).
Conclusão
Considerando os seus objetivos, as
cruzadas foram um fracasso que nunca conquistaram de modo permanente a Terra
Santa, nem impediram o avanço do islamismo.
Todavia os seus custos foram muito
elevados em vidas humanas e bens materiais.
No entanto acredita-se que as cruzadas
contribuiram para o crescimento da Europa, nomeadamente no comércio das cidades
do norte da Itália e desenvolvimento da rota comercial dos Alpes e do Reno.
Não podemos esquecer que a civilização do
Oriente contribuiu para o crescimento da cultura europeia.
O desenvolvimento intelectual teológico
desenvolveu-se através do escolasticismo (método
dominante no ensino nas universidades medievais europeias de cerca de 1100 a
1500).
Comparado com os anos anteriores, as
universidades desenvolveram-se. Houve grande melhoria na literatura vernácula e
artística, que despertou e iluminou a Europa no tempo das “CRUZADAS”.
MGeada
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