Construído
para servir de referência aos navegantes na ilha de Faros, a sua construção que
teve início no reinado de Ptolemeu I (Soter)
no ano 297 a.C., e terminada durante o reinado do seu filho Ptolemeu II (Filadelfo) 309-246 a.C, durou quinze
anos.
Após
quase dezassete séculos de atividade, o Farol de Alexandria foi a última das
sete maravilhas do mundo antigo a desaparecer, devido aos numerosos sismos ocorridos na região entre os séculos IV a.C. e XIV d.C., particularmente o de 1308 que o
deixou em ruínas .
O
farol permaneceu assim até ao final do
século XV, data em que o sultão Al-Achraf Sayaf ad-Din Qait Bay, um dos últimos
soberanos Mamelucos da dinastia Burji de Alexandria, ordenou a sua demolição
para ali construir uma cidadela fortificada: “Qaitbay ou Qaitbey”.
Além
da sua função de guia, o farol também simbolizava a magnificiência da cidade de
Alexandria com a sua grande biblioteca e a tumba de Alexandre III “O Grande” seu
fundador, no ano 331 a.C..
Edificado
em pedra branca e granito de Assouão, seria um edifício de três andares com :
Uma
base quadrada ligeiramente piramidal :
Uma
coluna octogonal :
Uma
pequena torre redonda sobrelevada por uma estátua (talvez Zeus ?) que totalizava uma altura de 135 metros.
Localizado, o farol atualmente está todo cartografado e desde 1994, mais de 3 000
blocos de pedra foram repertoriados.
Uma
das construções mais célebres da antiguidade, tardiamente entrou na lista das
maravilhas do mundo.
A
causa é provavelmente alexandrina e fácil de explicar, porque no momento em que
as primeiras listas foram constituídas o farol ainda não estaria totalmente
concluído.
As
primeiras listas conhecidas mencionam :
As
muralhas de Babilónia :
Pirâmide
de Quéops :
Colosso
de Rodes :
Mausoléu
de Halicarnasso :
Estátua
de Zeus em Olímpia :
Jardins
Suspensos da Babilónia :
Templo
de Artemis de Efeso.
Além
de algumas moedas, poucos testemunhos antigos relativos ao célebre Farol de
Alexandria foram conservados.
Erigido
na ilha de Faros, perto da costa de Alexandria, Estrabão (historiador, geógrafo e filósofo grego, (primeiro século a.C.)), evoca
esta monumental construção.
« A ponta da ilha é um rochedo
batido pelas ondas por todos os lados, com uma torre feita de pedra branca,
admiravelmente construída com diversos andares, com o mesmo nome da ilha.
Sóstrato de Cnido, arquiteto do farol e amigo
dos reis que teve o privilégio de inscrever o seu nome no edifício, dedicou-a à
salvação dos navegadores, como indica uma lápide encontrada.
Com efeito, como a costa era desprovida
de abrigo, baixa dos dois lados, rodeada de recifos, e com fundos baixos, era
necessário aqueles que vinham do largo um sinal elevado e luminoso, para guiar
os barcos na entrada no porto ».
Este
pequeno testemunho de Estrabão, é a maior
descrição antiga sobre o farol que também não esqueceu o nome do arquiteto do
edifício: Sóstrato de Cnido.
Preço
Segundo
a enciclopédia bisantina “Suda”, os trabalhos foram inciados sob o reinado do primeiro rei Lágida
Ptolemeu I em 297, terminado e inaugurado em 283 a.C., por Ptolemeu II.
Plínio
o Antigo, diz-nos que os trabalhos custaram 800 talentos (um talento = a 26 kg) de prata, que corresponde a 20 800 kg de
prata.
O preço da constução do farol
equivaleu a 13,3 % da receita anual do país e como a construção durou alguns
anos, não causou problemas às finanças Lágidas.
Sóstrato
de Cnide e Ptolemeu II
Luciano
de Samósate , autor do II século da nossa era, evoca um problema ligado à
dedicação do farol.
Sóstrato
de Cnide terá ali gravado o seu nome que mais tarde tapou com cal, e mandou
inscrever os nomes de Ptolemeu II e da irmã/esposa, Arsinoé II.
No
dia da inauguração o rei e a esposa viram
os seus nomes ali gravados, mas passados alguns anos quando a cal caiu, foi o
nome de Sóstrato que apareceu como dedicatário do monumento. (Versão diferente de Estrabão).
Representações
As representações do farol são
pouco frequentes na antiguidade.
Algumas raras moedas com o
farol cunhadas nos reinados dos imperadores Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco
Aurélio e Cómodo, apresentam-nos todas um farol diferente.
Uma pequena lanterna com 10 cm
de altura (conservada no museu
greco-romano de Alexandria), alguns mosaicos e um vaso, permitem obter uma
vaga ideia da aparência do monumento.
O mosaico de Séforis (Judeia), apresenta um farol circular,
com uma enorme lareira no cimo.
O da igreja São João em Gérasa
(Jordânia), apresenta um farol
quadrado com um segundo andar circular.
A considerada representação
mais fiável do farol foi descoberta num vaso em albatre encontrado em Bagram no
Afeganistão, onde um colosso trona no topo dum pequeno edifício circular, tendo
como base uma torre quadrada com janelas, construída com enormes blocos retangulares.
Este vaso extremamente frágil,
é conservado no Museu Arqueológico de Cabul ou Cábul.
Por conseguinte todas estas fontes antigas não nos permitem conhecer a
aparência exata do farol.
Estátuas
No cimo do farol trona a estátua
duma divindade da qual a identificação ainda hoje é problemática: Zeus, Posídon
ou Hélio?
As raras representações do
farol não permitem a sua identificação.
Posidippe (ou Posidippos de Pella) no seu poema diz-nos que é uma
estátua de Zeus, e talvez fosse o caso na primeira metade do século III a.C..
Uma
outra fonte que parece orientar-se no mesmo sentido, é uma medalha de vidro do
século I, que mostra o farol sobrelevado com a estátua de Zeus, com uma lança
na mão esquerda e uma taça na direita.
Nesta
representação o farol tem nos acrotérios as estátuas de Ísis Pharia (deusa Ísis Farol) e de Posídon,
divindades que tinham um templo na ilha de Faros.
A
estátua de Zeus teria portanto permanecido no topo do farol, até à chegada dos
romanos.
Um
copo de vidro datado do século II, encontrado em Begram (Afeganistão)
mostra a imagem de um deus com um remo na mão esquerda, o que faria dele Posídon.
Este mesmo deus é referenciado
num manuscrito aquando duma restauração do farol no século V.
Finalmente um mosaico encontrado
em Qasr (Líbia), datado do ano 539,
mostra o farol encimado com a estátua de Hélio.
Farol de Alexandria
(Sobrelevado com a estátua de Hélio)
Podemos
pensar que as três estátuas se terão sucedido
Em
primeiro a estátua de Zeus venerado sobre a forma de Amon-Zeus como
ancestral dos Ptolemeus.
Quando
os romanos chegaram ao Egito, estes terão substituído a estátua de Zeus que lhes
fazia recordar os Lágidas, e colocaram no local Posídon, porque a sua função (deus supremo do mar) convinha
perfeitamente com a missão do farol : proteger os navegadores.
Também
é possível que já no fim da Antiguidade Posídon tenha sido
substituído por Hélio, (uma divindade
comum).
Existe um édito promulgado em
391 por Teodósio I, imperador romano que fez do cristianismo a religião do
Estado.
Este édito tinha por objetivo
abolir os cultos pagãos no território Romano, no qual o Egito também estava
incluído.
Sabemos que este édito foi muito bem acolhido em Alexandria e, que
entre outras decisões deu origem à destrução do templo de Serápis.
(Divindade
sincrética helenístico-egípcia da Antiguidade Clássica. O seu templo
mais célebre era o de Alexandria ,(Egito). O seu símbolo era uma cruz.
Além
disso após a cristianização de Roma, é mais lógico que fosse São Marcos patrono
da cidade, ou simplesmento Pedro que encimassem o farol.
Em
contrapartida temos a certeza que no século IX, uma mesquita foi instalada na
parte superior da torre por Ahmad Ibn Tulun. (Fundador
da dinastia dos Tulúnidas que reinou no Egito de 868 a 905. (Tulúnidas deriva
do nome do fundador da dinastia: Ahmad Ibn Tulun)).
Junto
da cidadela fortificada “Qaitbay” foram encontradas duas estátuas colossais.
Uma
de Ptolemeu (em Faraó) e outra de Ísis ?.
Pensa-se
que estas estátuas deviam estar colocadas em frente do farol, para serem vistas
pelos navegadores quando entravam no porto.
Não
se sabe exatamente qual Ptolemeu, mas pensa-se ser Ptolemeu II e que a estátua
dita de Ísis, seja na realidade sua esposa Arsinoé II, que o Faraó divinizou após
a sua morte.
Para
conhecermos melhor este edifício, temos
que nos apoiar na arqueologia e sobretudo nos testemunhos medievais,
nomeadamente no bispo Aroulfe que no anos 670 habitava Alexandria, e alguns
documentos árabes escritos por Yacoubi,
Idrissi e Mohammad Ibn’Abd al-Rahim al-Qaisi de Granada, dito Al-Andalus (ou Al Ândalus).
Trajano-Dracma cunhado em
Alexandria 116/7
Anv. Busto de Trajano laureado à
direita,
AVT KAIC TPAIAN AΔPIANOC CEB.
Rev. Ísis Pharia em pé com um sistro às costas num barco
à vela, farol encimado
por uma estátua, um tritão nos
acrotérios e lanterna. LIZ.
(Isis Pharia: protetora da ilha na qual o farol foi construído).
(Sistro: antigo instrumento de música egípcio, que consistia num arco
metálico em forma de ferradura).
Trajano-Hemidracma cunhado em Alexandria, 116/7
Anv. Busto de Trajano laureado à
direita,
AVT KAIC TPAIAN AΔPIANOC CEB.
Rev. Farol com uma estátua no cimo e um tritão
em cada acrotério. I A
(Dois tipos de farol diferentes
no mesmo reinado.)
Adriano-dracma cunhado em Alexandria 133/4.
Anv. Adriano laureado e drapeado à direita
AVT KAIC TPAIAN AΔPIANOC CEB.
Rev. Ísis Pharia em pé com um sistro às costas num barco à vela,
farol encimado por uma estátua, um tritão nos
acrotérios e lanterna. LIZ.
Adriano-Hemidracma cunhado em Alexandria, 132/3
Anv. Busto de Adriano laureado à direita,
AVT KAIC TPAIAN AΔPIANOC.
Rev. Farol com uma estátua no cimo e um tritão nos
acrotérios. LIZ
Adriano-hemidracma cunhado em Alexandria 136/7
Anv. Busto de Adriano laureado à direita,
AVT KAIC TPAIAN AΔPIANOC.
Rev. Farol com uma estátua no cimo e um tritão nos
acrotérios. K A
Sabina (esposa
de Adriano)-Hemidracma cunhado em Alexandria (data incerta)
Env. Busto de Sabina com diadema e drapeado à direita.
Rev. Farol encimado por uma estátua e um tritão
nos acrotérios.
(Difícil saber a aparência exata do farol, visto que nestas quatro moedas cunhadas no reinado de Adriano, já temos quatro tipos de
farol diferentes).
Antonino Pio-Hemidracma cunhado em Alexandria
144/5
Anv. Busto de Antonino laureado à direita,
AVT K T AIɅ AΔP ANTWNINOC.
Rev. Farol encimado por uma estátua e um tritão
nos acrotérios.
Antonino Pio-Hemidracma cunhado em Alexandria
141/2
Anv. Busto radiado de Antonino à direita,
AVT K T AIɅ AΔP ANTWNINOC.
Rev. Farol encimado por uma estátua e um tritão
nos acrotérios.
Antonino Pio-Dracma cunhado em Alexandria 148/9
Anv. Busto de Antonino laureado à direita,
AVT K T AIL ADR ANTWNINOC CEB EVC.
Rev. Ísis Pharia em pé com um sistro às costas num barco à vela, farol encimado
por uma estátua, um tritão nos
acrotérios e lanterna.
DWDE KAT LOV.
Faustina II (esposa de Antonino)-Dracma cunhado em Alexandria 148/9
Anv. Busto de Faustina com
diadema e drapeado à direita.
Rev. Ísis Pharia em pé com um sistro às costas num barco
à vela,
farol encimado por uma estátua, um
tritão nos acrotérios e lanterna.
Faustina II-Dracma cunhado em
Alexandria
Anv. Busto de Faustina drapeado à
direita.
Rev. Ísis Pharia em pé com um sistro às costas num barco
à vela,
farol encimado por uma estátua, um
tritão nos acrotérios e lanterna.
(Cinco tipos diferentos, reinado de Antonino Pio).
Marco Aurélio-Hemidracma cunhado em Alexandria
154/155.
Anv. Busto de Marco Aurélio drapeado
à direita
M AVPHLIOC KAICAP.
Rev. Farol encimado por uma
estátua, um tritão nos acrotérios, LIS
Marco Aurélio-Hemidracma cunhado em Alexandria 152/3
Anv. Busto de Marco Aurélio drapeado à direita
M AVPHLIOC KAICAP.
Rev. Farol encimado por uma estátua, um tritão nos
acrotérios, LIS
Marco
Aurélio-dracma cunhado em Alexandria 148/9
Anv.
Busto de Marco Aurélio drapeado à direita.
Rev. Ísis Pharia em pé com um sistro às costas num barco à vela,
farol encimado por uma estátua, um
tritão nos acrotérios e lanterna.
(Três tipos
diferentes para o imperador Marco Aurélio).
Cómodo-Tetradracma cunhado em
Alexandria 188/9
Anv. Busto de Cómodo à direita,
M A KOM AVTM CEB EYCEB.
Rev. Farol à esquerda, e navio mercante
romano denominado de “CORBITA” LKΘ
Cómodo-Tetradacma
cunhado em Alexandria 188/9
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita,
M A KOMANT CEB EVCEB.
Rev. Farol à esquerda, e navio
mercante romano denominado de “CORBITA” LKΘ
(Este navio faz
referência à frota africana organizada em urgência pelo imperador Cómodo em
186, quando devido à penúria egípcia faltou o trigo em Roma .
Esta frota tinha por missão, procurar trigo na África. O
sucesso da operação deu lugar à glorificação do imperador e da sua frota. (Visível nestas moedas)
MGeada
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