domingo, 28 de outubro de 2018



Marco Júnio Bruto (Marcus Junius Brutus), um dos assassinos de Júlio César.

Bruto, nasceu em ? de junho de 85 a.C. em Roma (Itália), e faleceu dia 23 de outubro de 42 a.C. em Filipos (Macedônia).

Filho ligítimo de Marcus Junius Brutus (o Velho) (partisan ou partisante de Marius ) e de Servília Cepião meia-irmã de Catão Uticense.
Servília dita a Grande, foi amante de Júlio César, esposa de Décimo Júnio Silano e de Marco Júnio Bruto (o Velho), com quem teve este personagem, “Bruto”.

Além de Patrício, (originalmente eram os cidadãos que constituiam a aristocracia da Roma Antiga), Bruto foi jurista, político republicano conservador, e comandante  militar romano, tendo sido um de assassinos de Júlio César.
Casou e viveu com Cláudia Pulchra Major, entre 52 e 46 a.C., e com Pórcia (em latim, Porcia Cantonis) de 46 a 43 a.C..

Bruto pretendia ser descendente de Lucius Junius Brutus que no ano 509 a.C., após o viol de Lucrécia, destronou Tarquínio o Soberbo (Tarquinius Superbus) último rei de Roma, e assim fundou a República romana.

Bruto mandou gravar várias moedas com a sua efígie entre 44 e 42 a.C., todavia a mais conhecida é denário dos Idos de Março, cunhado em Roma em 43-42 a.C., que comemora o assassinato de  Gaivs Julivs Caesar (Caio Júlio César).

Esta moeda tem no anverso a efígie de Bruto à direita e a legenda   
BRVT IMP L PLAET CEST
O reverso mostra-nos um boné frígio “sinal de liberdade” que era dado aos escravos livres ladeado por dois punhais.
Isto assinala a intenção de Bruto de libertar Roma das ambições imperiais de Júlio César, e as armas destinadas a cluir este acto. Em baixo a data da morte de César: EID MAR – Idos de Março.
(Ref. RSC-15, Sear-1439, Sydenham-1301)

(O calendário romano regia-se por três datas fixas: calendas nonas e idos, com base nas fases da lua.
Os idos são a meio do mês, precisamente  15 de março, maio, julho e outubro, e dia 13 nos restantes meses).

Os assassinos ou “Partido da Liberdade”como eles se designavam, fugiram de Roma para a Macedônia, com a intenção de ali formarem um corpo de exército.

Eles serão vencidos pelos aliados de César liderados por Marco António e Octaviano (futuro Augusto) na Batalha de Filipos no ano 42 a.C..Bruto cometeu suicídio após esta derrota.
(Ao ter conhecimento do suicídio de Bruto, sua corajosa esposa Porcia (em latim Portia Cantonis), como exemplo de fidelidade ao seu esposo, também cometeu suicídio).

A decisão de fugir para o leste foi provavelmente influenciada pela riqueza das províncias a leste do Imperio Romano, porque para criar um exército fazia falta muito dinheiro: era necessário comprar provisões e pagar aos soldados.
Entre as moedas (poucas) cunhadas pelos conspiradores, está o denário dos “Idos de Março”.
Após a vitória de Marco António e Octávio, essas moedas foram fundidas, daí a sua raridade nos nossos dias.
Segundo algumas fontes, terão escapado entre 50 e 60 denários de prata e um ou dois áureos, (um aparenta ser falso).

Marco Júnio Bruto – Denário cunhado em Roma no ano 54 a.C.
Anv./- Bruto à direita,    BRVTVS
Rev./-Caio Servílio Aala (C. Servilius Ahala) à direita,  HAALA
(Ref. Crawford-433,2, Sydenham-907)

Neste denário são ilustrados duas figuras anti-monárquicas, Bruto um dos principais conspiradores contra Júlio César e Caio Servílio Aala que juntamente com Lucius Julius Brutus libertou Roma do rei Tarquinius Superbus que segundo Lívio, instalou a República no ano 509 a.C., e matou Espúrio Mélio (Spurius Maelius) no ano 439 a.C..

Marco Júnio Bruto – Denário cunhado em Roma no ano 48 a.C.
Anv./- Efígie de Aulo Postúmio Albino à direita. (Aulus Postumius Albinus cônsul no ano 99 a.C.)
A POSTVMIVS COS
Rev. dentro de uma coroa de espigas de milho a legenda,
ALBINV BRVTI
Ref. Sear-42, Crawford-450/3b, Sydenham-943ª, CRI-127)

Postúmio Albino nasceu por volta do ano 84 a.C. : pertencia à notável família Gens Porcia e era parente de Marcus Junius Brutus.
Enquanto jovem, era amigo de Públio Clódio Pulcro (Publius Clodius Pulcher) e Marco António. No ano 44 a.C. Bruto convenceu-o a juntar-se à conspiração contra Júlio César.
Nesse período Públio era um homem de confiança de César, e por este foi nomeado pretor  e governador da Gália Subalpina.
No dia 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi assassinado pelos conspiradores no teatro de Pompeu, entre os quais Bruto e Caio Cássio Longino (Gaius Cassius Longinus). O testamento de César revelou que Bruto foi adotado por César no segundo grau, depois de Otaviano, para seu sucessor.

Marco Júnio Bruto – Denário cunhado em Roma em junho de 44  a.C.
Anv./-Netuno com tridente à direita
CASCA LONGVS (Publivs Servilivs Casca Longvs)
Rev./-Vitória à direita caminhando sobre um cetro quebrado ao meio
BRUTUS IMP
(Ref.Crawford-507/2, Sydenham-1298, RSC,3, Sear 5-1437)

Públio Sérvio Casca Longa, (84-42 a.C., também foi um dos assassinos de Júlio César. Ele e outros senadores conspiraram para matá-lo, um plano que eles realizaram no dia15 de março do ano 44 a.C..
Depois Casca Longa lutou contra os libertadores durante a guerra civil dos Libertadores. Acredita-se que terá cometido suicídio após a sua derrota na batalha de Filipos em 42 a.C..
                                                              
Marco Júnio Bruto – Denário cunhado em Esmirna, no ano 42  a.C.
Anv./- Instrumentos pontifícios: machado, simpulum e faca
BRVTVS
Rev./-jarra e lítuo (ou lituus)
LENTVLVS  SPINT, em duas linhas
(Ref. Crawford-500/7, Sydenham-1310)

Marco Júnio Bruto – Denário (militar) cunhado em junho de 42 a.C.
Anv./-Apolo com coroa de louro à direita
LEG(at) COSTA (Légat Pedanius Costa)
Rev./-Troféu militar com couraça, escudo e duas lanças
IMP BRVTVS
(Ref. Crawford-506/2, Sydenham-1296)

Embora a família Pedania não seja muito ilustre, a sua origem é muito antiga.
Tive Live, cita um centurião com o nome de T. Pedanius, que se destacou pela sua coragem durante a Segunda Guerra Púnica, em 212 a.C.. Este personagem foi conhecido durante o período republicano, assim como Pedanius Costa, que foi lugar-tenente de Quintus Caepio Brutus (pai adotivo de Bruto) na Ásia, aquando das guerras civis).                                                         

Marco Júnio Bruto – Denário cunhado em Roma em 48 a.C.
Anv./-Caio Víbio Pansa Cetroniano (Caius Vibius Pansa Caetronianus) à direita,     C PANS
Rev./-Duas mãos juntas em torno do caduceu
ALBINVS BRURTI F.
(Ref. Crawford-451/1, Sydenham-944)


Caio Víbio Cetroniano. nasceu em Roma (Itália) a 12 de fevereiro do ano 91 a.C. e faleceu em Módema (Itália) a 23 de abril de 43 a.C..
Partidário de Júlio César durante a guerra civil contra Pompeu, optou pela restauração da Républica após o assassinato do ditador.
Víbio Pansa morreu dos ferimentos recebidos na batalha do Fórum Gallorum
disputada contra Marco António durante a guerra de Mutina (ou Guerra de Modena), travada na Península Itálica entre 44 e 43 a.C., depois do assassinato de César, e liderada pelo seu principal general Marco António.

Marco Júnio Bruto – Quinário (quinarius) militar, cunhado na Trácia ou Macedónia?, no ano 42 a.C.
Anv./- Cadeira currule, entre as pernas da cadeira, um módulo (medida)
L. SESTI  PRO Q (Lucius Sestius Proconsul)
Rev. Tripé entre o simpulum e o ápice
Rev./-Q. CAEPIO BRVTVS PRO CON (Quintus Caepio Brutvs Procônsul)
(Ref. Crawford-502/4, Sydenham-1292, CRI-203, Sear-1441)

Marco Júnio Bruto – Denário cunhado em Roma no ano 54
Anv./- Efígie da Libertas (em latimLiberalitas) com colar e bricos à direita
LIBERTAS
Rev. O Cônsul Marco Júnio Bruto (o Antigo), caminhando para a esquerda, entre dois lictores,  precedido por um accensus. precedido por outro personagem?
BRVTVS
(Accensus: unidade de infantaria ligeira nos exércitos da República Romana).
Este tipo de revés refere-se aos antepassados de Bruto, assassino de Júlio César.
(Ref. Crawford-433/1, BMC-3861, RRC-433/1)


MGeada

Bibliografia
Anne Bernet; Brutus Assassin par Idéal, Éditions Perrin, 2001.
Bertrand Borie ; «Brutus le personage historique», Histoire antique & médiévale, nº 89, janvier- fevrier 2017, pp. 14-43.
Michael Parenti, O Assassinato de Júlio César, edições Record, 2005.
Roger Breuil ; Brutus, Éditions Galimar, 1945.
Marco Junio Brutus,  o assassinato de Júlio César.