segunda-feira, 30 de dezembro de 2019




Caduceu: um dos símbolos de Hermes (Mercúrio) na numismática romana.
Em latim Caduceus, é  composto por um bastão entrelaçado por duas serpentes. O corpo dos répteis constitui um semicírculo e as cabeças das cobras se enfrentam viradas  para o centro.
Era um atributo específico de Mercúrio.

A Prudência é suposto ser geralmente representada por duas serpentes entrelaçadas, e as asas que por vezes são adicionadas ao caduceu são o símbolo da velocidade, duas qualidades necessárias no comércio patrocionado por Mercúrio.
Era também o símbolo da paz e harmonia que essas divindades terão recebido de Apolo em troca da lira.

Podemos ver Caduceus em numerosas moedas romanas. incluindo as da família romana Cestia.
Sob a República em moedas das gens Claudia, Licínia, Plaetória, Sepullia.


M. Plaetorius M.f. Cestianus – Denário cunhado em Roma em 57 a.C.
Anv. Busto de Bons Eventos à direita
Rev. Caduceu alado  M. PLAETORI CEST. EX. S C
(Ref. Crawford-405/5, Sydenham-807)

Nas moedas imperiais os caduceus também são frequentemente representados. especialmente em moedas de Augusto. Marco António, Tibério, Nero, Vespasiano, Tito, Domiciano, Nerva ou Postúmio.


Marco António – Denário cunhado em Roma em 39 a.c..
Anv. Marco António à direita
ANTONIVS IMP
Rev. Caduceu alado
CAESAR IMP
(Ref. Crawford-529/3, Sydenham-1328)

Em moedas do imperador Tibério (moeda colonial), Antonino Pio, Marco Aurélio, Heurênio Etrusco, Hostiliano, Galiano, Postúmio ( MERCVRIO FELICI) Cáudio (o Gótico), Numeriano e outros.
Nas mãos de uma figura feminina, como as personificações da Felicidade  da Paz, Concórdia, Securitas, em moedas de imperadores  entre Júlio César e Constantino I o Grande.

O Caduceu entre duas cornucópias (em latin cornu copiae) é uma referência à Concórdia e podemos vê-lo em moedas de Augusto, Marco António, Vespasiano, Tito, Domiciano, Nerva, Antonino Pio, Marco Aurélio, Claudio Albino.
Entre duas espigas de trigo segurado por duas mãos direitas unidas é representado em moedas do Alto Império. Num sestércio de Druso junior e como uma instância da FIDES PVBLICA em moedas de prata do imperador Tito e bronzes de Domiciano.


Druso – Sestércio cunhado em Roma em 22/23
Anv. Caduceu entre duas cornucópias sobrelevadas por duas cabeças
Rev. DRVSVS CAESAR TI AVG F DIVI AV  N PONT TR POT II
(Ref. RIC I-Tibério 42, BMC Tibério-95)


Domiciano – Denário cunhado no ano 76
Anv. Domiciano laureado à direita
DOMITIANVS CAESAR AVG F
Rev. Caduceu alado
PON MAX TR P COS IIII
(Ref. RIC II-1496, BMCRE-484, RSC-369, RPC II-1469)


Tito como César – Denário cunhado em Roma em 79
Anv. Tito laureado à direita
IMP VESP CENS
Rev. Caduceu entre duas mão dadas, duas papoilas e duas espigas de trigo
FIDES PVBL
(Ref. RIC-1485, RPC-1459)


Vespasiano – denário cunhado na Ásia Menor em 69-79
Anv. Vespasiano laureado à direita
IMP CAESAR VESPASIANVS AVG
Rev. Caduceu alado
PON MAX TR P COS VII
(RPC II-1453, RSC-375ª)


Macrino – Denário cunhado em Roma no ano 217
Anv. Macrino laureado e drapeado à direita
IMP C M OPEL SEV MACRINVS AVG
Rev. Felicitas em pé à esquerda com um caduceu na mão direita e duas cornucópias na esquerda
PONTIF MAX P P P
(Ref. RSC-79, BMC-29v.)


Herênio Etrusco – AE 22 cunhado em 251
Anv. Herêrio laureado à esquerda
Q HER ETR MEV NOB DE DECIVAL
Rev. Mercúrio com chapéu em pé, caduceu na mão esquerda e uma bolsa na direita
PIETAS AVG  S C
(Ref. RIC-167b, Sear-9536)


Postúmio – Antoniniano cunhado em Tréveris em 266
Anv. Postúmio com coroa radiada à direita
IMP C POSTVMVS P F AVG
Rev. Caduceu alado
SAECVLO FRVGIFERO
(Ref. RIC-84, RSC-333ª, Sear-10984)

MGeada

Bibliografia
Casenave M.; Encyclopédie des Symboles, La pochothèque pag. 94/5 et 238/9.
Grimald P. ; Dictionnaire (1969) de la Mytologie Grecque et Romaine. PUF,  pag. 206/207.
Laurence Kahn ; Hermes passe ou les Ambiguités de la Comunication, Paris, Éditions Maspero, 1978.
Jean Pierre Bayard : Le Symbolisme du Caducée, Guy Trédanie, 1978, pag.175.
Pierre Lévêque : et Louis Séchan. Les Grandes Divinités de la Grecque, Éditions E. de Boccard, 1966.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019



Templo de Vesta

Foi construído no Fórum, ao lado da casa de Vesta.
Pelo menos sete templos se terão sucedido neste local até à extinção do culto, por Teodorico I, no ano 394.

Os templos dedicados à consagração do fogo sagrado, foram todos destruídos por incêndios.
Não se conhecem nenhumas representações monetárias dos três primeiros templos.

A primeira construção de um templo dedicado à conservação do fogo sagrado, devia lembrar as choças de forma circular, construídas pelos primeiros habitantes.
Construído segundo a tradição de Numa Pompeio (segundo rei lendário de Roma, teria reinado de (715 a 672) a.C.), que aí depôs o Paládio (a imagem de Minerva) e outros objectos sagrados trazidos por Eneias para Itália; da conservação deles dependia a segurança da cidade.

As Vestais deviam conservar o fogo sempre aceso. Eram seis, e escolhidas entre jovens patrícias, filhas de pais livres.
Gozavam de especiais previlégios, mas se alguma delas violasse o voto de castidade era sepultada viva no Campo Scellerato.

A data da construção do segundo templo também nos é totalmente desconhecida, todavia pensa-se que seria por volta do ano 390 a.C., e neste caso, anterior à invasão dos gauleses.

O terceiro templo, sempre do mesmo feitio, era de pedra e com o telhado em madeira. Ardeu no ano 241 a.C..
O quarto templo, reconstruído pouco depois, aparece nos denários de QVINTVS CASSIVS em 55 a.C.. É um edifício redondo com a estátua de Vesta no cimo.
       
QVINTVS CASSIVS – Denário cunhado em Roma em 55 a.C..
Anv. Cabeça velada de Vesta à direita
Q. CASSIVS VEST
Rev. Templo circular com a estátua de vesta no cimo, uma cadeira curule no interior,
no campo uma urna e tabblete com a inscrição AC.
(Ref. Sydenham-917,C428 – Sear-389)


Permaneceu assim mais de dois séculos, até que Augusto tomou a decisão de o reconstruir em mármore, o que não impediu a sua destruição aquando do grande incêndio no ano 64. 

O quinto templo, construído por Nero, durou poucos anos.
Era de estilo jónico e com seis colunas. A sua representação nas  moedas  mostra-nos  a  estátua  de  Vesta entre duas colunas.

Nero - Denário cunhado em Roma em 54-58
Anv. Nero laureado à direita
NERO CAESAR AVGVSTVS
Rev. Templo com a estátua de Vesta no interior - VESTA
(Ref. Ric - 062)

O sexto templo é da época Flaviana e aparece nas moedas de Vespasiano, Tito e Domiciano. Num áureo de Vespasiano, o templo é ladeado por duas estátuas. 

Vespasiano - Áureo cunhado em Roma no ano 73
Anv. Nero laureado à direita
IMP CAES VESP AVG CEN
Rev. Templo de Vesta com a deusa em pé no interior com uma patera e um cepro,
ladeado por duas estátuas com ceptros longos - VESTA
(Ref. RIC-515, Cohen-578, BMC-107)

O sétimo e último templo foi construído por Caracala, por volta do ano 214 e aparece nas moedas de Júlia Domna.
A sua representação nas moedas, mostra-nos um templo com quatro colunas e cúpula redonda sobrelevada por uma estátua.
No exterior quatro Vestais, a sacrificar num altar enfeitado e o fogo aceso.

Júlia Domna - Dupôndio cunhado em Roma em 214, no reinado do seu filho Caracala
IVLIA PIA FELIX AVG
Rev. Cena sacrificial diante do templo de Vesta com com seis vestales veladas, quatro
adultas e duas crianças  - VESTA AVG
(Ref. RIC-607, Cohen-234, BMC-232)

MGeada

Bibliografia
Anastasie Catsanou; Le Statut jurudique des vestales, 1981.
Corine Leveleux; les Vierges folles: image des vestales chez les auteurs chrétiens
latins, Paris, 1992, pag.174.
Paul Dupays; Vestales, feux sacré de la resintance, chronique histórique, Londres,
editions de la critique, 1951, pag.176


sexta-feira, 1 de novembro de 2019


  
 
                      Cipos na numismática Romana

CIPO (em latim "cippus") é um marco de pedra  com uma inscrição destinado a preservar a memória de um evento.

Diferentes das colunas por serem menores e geralmente redondos, os cipos foram utilizados para eventos religiosos e seculares, marcar sepulturas, e como marcos geológicos.
A forma e a decoração do cipo, especialmente os que estão representados em moedas romanas, dá origem a que sejam muitas vezes confundidos  com altares.
Podemos vê-los no campo das moedas com uma inscrição e, noutros casos colocados perto de uma divindade, que  muitas vezes aparecem apoiadas neste pequeno monumento.   

                                              
Augusto. 27 a.C.- 14 d .C. denário 3,82grs., cunhado em Roma no ano 16 a.C.,por L Mescinius Rufus.
Anv. Estátua equestre de Augusto à direita num pedestal com a inscrição S. P.Q. R.   IMP. CAES, em três linhas, frente ao mur (da cidade) com uma porta.
Rev. L VINICIVS  L. F. III. VIR., cipo com a inscrição S.P.Q.R.   IMP.CAES.  QVOD.V.   M.S.EX.   EA.P.QIS.   AD.A.DE, em seis linhas.
(Ref. RIC I 362; RSC 543; BMCRE 82-4 = BMCRR Rome 4472-3; BN 357-61)

Quando em Roma por  vote do Senado foi atribuíuda  a coroa cívica ao imperador Augusto, para  ser  colocada no portão do seu palácio, em agradecimento pelos serviços prestados ao Estado, um dos artificios monetários do  imperador, L. Mescinius Rufus, dedicou-lhe  alguns denários com cipos, com as inscriçoes. “SPQR” : "IMP CAES AVG COMM CONS" .

Augusto. 27 a.C.- 14 d .C. denário 3,73grs., cunhado em Roma no ano 16 a.C., por L Mescinius Rufus.
Anv. I O M S P Q R V S   PR. S. IMP .CAE .QVOD. PER .EV R. P.  IN. AMP AT. Q. TRAV S.E, em sete linhas, dentro de uma coroa.
Rev. L MES CINIVS RVFVS III. VIR, cipo com a inscrição IMP CAES AVGV COMM CONS, em cinco linhas, no campo S C .
(Ref. RIC I 358; RSC 462; BMCRE 91-3 = BMCRR Rome 4483-5; BN 345-6. Raro. Foto CNG)

Noutros denários de Augusto  do mesmo artifício monetário encontramos um cipo, com o deus Marte com capacete segurando uma lança e um parazónio,(espada curta com talabarte, acessório das estátuas de Marte e alguns  heróis), e a inscrição S P Q R V P RED CAES.

Augusto – Denário cunhado em Roma no ano 16
Anv. Augusto laureado à direita
Rev. Marte em pé num pedestal com a inscrição
SPQR V PR RE CAES
(Ref. RI-351, Sear-1616)

Num outro podemos ler CC AVG VS TI. E para terminar um outro com a inscrição "IMP CAES AVG LVD SAEC".

Augusto – Denário cunhado em Roma em 27-14 a.C.
Anv Augusto cabeça nua à direita
AVGVSTVS
Rev. L CANINIVS GALLVS III VS TI
Cipo com a legenda CC AVG VS TI
(Ref. RIC-418, BMC-384)

Augusto – Denário cunhado em Roma em 27-14 a.C.
Anv. Augusto laureado à direita
CAESAR AVGVSTVS  TR POT
Rev. L MESCINIVS RVFVS III VIR
Cipo com  a legenda
IMP CAES AVG LVD SAEC SAEC – XV SF

A cunhagem destas moedas por  Mescinius Rufus com os cipos,  foi para conservar  a memória dos acontecimentos sob Augusto e foi incluída nas moedas deste imperador e da família Mescinia.

As moedas com cipos comemorativas dos jogos seculares, também aparecem no reinado de  Domiciano. Um denário  de Domiciano tem um cipo com a inscriçao LVD SAEC FEC COS XIIII.
As moedas de bronze e prata de Filipe I e, as de  Otacília Severa têm cipos com inscrições que evocam os jogos celebrados  por Filipe, para comemorar o milénio de Roma  no ano 248 dC.

Domiciano – denário cunhado em Roma no ano 88
Anv. Domiciano laureado à direita
IMP CAES DOMIT AVG  GERM P M TR PVIII
Rev. Cipo com a incrição em cinco linhas
COS XIIII LVD SAEC FEC,
À direita um queimador de incenso, e arauto em pé com a vara mágica e escudo
(Ref. RIC-601, RSC-73)

Filipe I – Antoniniano de prata cunhado em Roma em 248
Anv. Filipe com coroa radiada à direita
IMP PHILIPPVS AVG
Rev. Cipo com a inscrição COS III,
legenda circular SAECULARES AVGG
(Ref. RIC-24c, RSC-193, Sear-8961)

Márcia Otacília Severa – Sestércio cunhado em Roma em 248
Anv. Otacília Severa com diadema à direita
MARCIA OTACIL SEVERA AVG
Rev. Cipo, legenda circular SAECVLARES AVGG, S C
(Ref. RIC-202ª, Cohen-68)

MGeada

Bibliografia
Franz Cumot; Les actes des jeux séculaires de Septime Severo, Les Belles Lettres vol.1, 1932.
Jean Bayet; La religion romaine , histoire politique, Paris, Editions Payot, 1999.
Jean Gagé ; Recherches sur les jeux séculaires : Les Belles Lettres, 1934.
Pierre Brind’Amour ; L’origine des jeux séculaires: vol.2, 1938.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019



Imagens  do Lábaro em Moedas  Romanas

Lábaro:  do latim labarum, era um vexilo «vexillvm» ou estandarte militar romano, em especial o que o imperador Constantino I mandou colocar o manograma de Cristo, após a sua vitória sobre Maxêncio durante a guerra civil no verão do ano  312, na batalha da Ponte Mílvia, que ficou conhecido como lábaro de Constantino ou «CRISTOGRAMA» .

Insígnia militar romana pertencente à classe especial des «vexillvm», eram os estandartes da cavalaria e objectos de veneração para os soldados que lhes prestavam honras divinas.

O Lábaro tinha  originalmente a forma de uma bandeira roxa com franjas de ouro, fixada numa grande lança, que só era exibida quando o imperador acompanhava as tropas.

Constantino I, depois de abandonar o paganismo, esteve na origem de uma mudança na aparência do Lábaro. Duas barras oblíquas foi adicionadas à lança para formar uma cruz.

Na parte superior por cima desta cruz, foi colocada uma coroa de ouro e pedras preciosas, no meio da qual foi colocado o manograma de Cristo, formado por duas iniciais gregas X e P unidas formando o Chi Rho e frequentemente  acompanhadas pela letras alfa e ômega, colocadas em ambos os lados.

Estas letras indicavam a crença na divindade de Cristo Salvador, tal como indicado na Apocalipse de São João sobre a vida de Constantino por Eusébio de Cesareia. Dos braços da cruz pendia uma  bandeira roxa ricamente ornamentada com jóias e bordados de ouro. No lugar da águia romana símbolo de Júpiter que constituía uma fonte de idolatria para os soldados romanos, Constantino colocou o manograma de Cristo Jesus destronando Júpiter.

No espaço situado entre a cruz e a bandeira, o imperador colocou o seu busto em ouro ou o dos seus filhos, mas esta característica não é representada em moedas.


Cinquenta homens escolhidos a dedo foram contratados por Constantino para transportar e defender o Lábaro estandarte sagrado, que era levado à frente do exército, quando o imperador o comandava pessoalmente.
A esses guardiões do Lábaro, chamaram-lhe “labariferos”.

Podemos ver o Lábaro com o manograma de Cristo em moedas de Constantino I o Grande, assim como de Joviano, Valentiniano, e seus sucessores.
De  notar que um vexilo parecido com o Lábaro, aparece antes da época de Constantino I, em moedas coloniais romanas, exemplo: moedas de Antióquia da Pisídia, moedas de Saragoça (Caesar Augusta),  Espanha e outras.


Exemplo de moedas representando o Lábaro

Constantino I – Follis cunhado em Lião em 308-309
Anv. Constantino laureado e encouraçado à direita
IMP C CONSTATINVS PF AVG
Rev. Constantino em pé à esquerda com um estandarte em cada mão
PRINCIPI IVVENTVTIS  CI  H
(Ref. RIC VI-Lião 299, Sear- 16016)

Constantino I – Follis cunhado em Arles em 335-337
Constantino laureado e encouraçado à direita
CONSTANTINVS MAX AVG
Rev. Lábaro com o Cristograma entre dois soldados
GLORIA EXERCITVS
(Ref. RIC VII- Arles 394)

Constâncio – Follis cunhado na Síscia, 337-341
Anv. Constâncio laureado, e encouraçado à direita
CONSTANS PF AVG
Rev. Lábaro com o cristograma entre dois soldados armados com lanças
GLORIA EXERCITVS    SIS
(Ref. RIC VIII-88, Lanz-102)


Vetrânio –Maiorina , cunhada na Síscia, em 350
Anv. Vetrânio laureado, e encouraçado à direita
DN VETRANIO PF AVG
Rev. Imperador com um  Lábaro com cristograma em cada mão, uma estrela por cima da cabeça
CONCORDIA MILITVM   SIS  A
(Ref. RIC VIII-281, Sear18903)


Joviano – AE I, cunhado em Salónia em 363-364
Anv. Joviano laureado, e encouraçado à direita
DN IOVIANVS  PF PP AVG
Rev. Joviano em pé, de face, virado à direita
com um Lábaro com cristograma na mão esquerda, e na direita uma Vitória sobre um globo
VITORIAE ROMANORUM  TESA
(Ref. RIC VIII-Salonia 235a, Sear-19213)


Valente – Síliqua cunhado  em Antioquia, 364-367
Anv. Valente com diadema, drapeado e encouraçado à direita
DN VALENS PER F AVG
Rev. Valente com armadura, com Lábaro com cristograma na mão esquerda, e na direita uma Vitória sobre um globo
RESTITVTOR REIP  ANT 
(Ref. 7b var., RSC-28N var.)


MGeada

Bibliografia
François Zosso- Christien Zingg- Les Empereurs Romains, 27 a C., 476 d C.- Edition Errance, Paris 1994.
Quinson, Marie Therese; Dicionário Cultural do Cristianismo,; Edições Layola-1999.
Urbano Zilles; Significação dos Símbolos Cristãos, Edipucrs 1994, pag. 146

domingo, 25 de agosto de 2019



QVO VADIS  “PARA AONDE VAIS”

Várias famílias compartilharam ao longo dos séculos, o destino de Roma.
Tanto a Républica como o Império, viram o dia graças ao carismo de alguns  indivíduos, exemplo: Augusto para a família Julius-Claudius (Júlio-Claudiana), ou Vespasiano para a dinastia Flaviana (ou dinastia dos Flávios) etc,.
A perda do renome e do poder dessas familias estão muitas vezes ligadas à arbitraridade, ao despotismo e à cupidez dos últimos membros da família que causaram a sua perda. O imperador Nero foi um desses exemplos.
Filho de Cneu Domício e de Agrippina a Jovem, Nero foi adoptado por Cláudio a quem sucedeu. Foi o quinto e último imperador da dinastia Júlio Claudiana, 27 a. C.-68 d.C.:governou do ano 54 a 68, e o seu governo foi marcado por intrigas, assassinatos e tirania.

Ambicioso, para poder governar só, no ano 59 mandou matar sua mãe, e no ano 62, a sua esposa Octávia.
Doze dias depois casou com a bela Popeia Sabina, que ele próprio matou no ano 65 com um pontapé no ventre, quando esta se encontrava grávida do segundo filho.
Nero também tinha o hábito de causar o declínio dos ricos, para se apropriar os seus bens.  
   
As suas despesas extravagantes contribuiram para esvaziar os cofres do Estado.
Ordenou a persecução e cruxificação de milhares de cristãos.
Diz-se que durante o seu reinado chegaram a ser cruxificados quinhentos cristãos por dia, e as arenas tornaram-se lugares sinistros onde a decapitação era constante.

A ele também foi atribuído o incêndio de Roma no ano 64, não só para acusar os cristãos, mas também para construir Néropolis, um ponto relevante de arte e cultura.
Séneca (filósofo) que caíu em desgraça no ano 62, diz que o exército foi obrigado a amontoar milhares de romanos no Fórum para ouvir os pseudos concertos de Nero, e ninguém podia sair do local antes do imperador terminar o seu recital. Cacofonia que podia durar muito tempo.
Séneca também escreveu que homens e mulhures com idade avançada morriam no local, e mulhers grávidas davam à luz nas arquibancadas.

Sob a sua liderança as províncias da Armenia, Judeia  e Britânia, revoltaram-se contra a sua política.
No ano 68, o exército de Galba revoltou-se e dirigiu-se para Roma. Nero que pressentiu que o seu fim estava próximo, cometeu suicídio.
Alguns historiadores acreditam que tenha sido assassinado pela sua guarda pretoriana.
O assassinato dos imperadores pela sua própria guarda, acontecia com muita frequência. De protectores passaram a ser carrascos, o que deu origem a um período de guerra cívil em todo o Império.

No reverso, a propaganda continua a ser sensivelmente a mesma utilizada por  Cláudio, no entanto: Minerva, Diana e a Fortuna foram substituídas pela Vitória que passou a ser muito divulgada.

Nero – Sestércio cunhado em Lião no ano 65.
Anv. Nero laureado à direita,
NERO CLAVD CAESAR AVG GER TR P IMP P P
Rev. Vitória segurando um globo com a incrição  S P Q R  - S C
(S P Q R=SENATVS POPVLESQVE ROMANVS,
que pode ser traduzido como, "O Senado e o Povo Romano") 
(Ref. RIC-477; Cohen-292)

Vesta , a deusa do fogo, também aparece com muita frequência nas moedas, assim como Jano, que por ser representado com dois rostos, também era considerado o deus das portas.

Nero – Denário cunhado em Roma em 65-66
Anv. Nero laureado à direita
NERO CAESAR AVGVSTVS
Rev. Templo de Vesta
(Ref. RIC-62; RSC-   335; BMC-104)

Nero - Sestércio cunhado em Roma no ano 65
Anv. Nero laureado virado à direita.
NERO CLAVD CAESAR AVG GER TR P IMP PP
Rev. Tempo de Jano, portas fechadas.
PALE PR TERRA MARIQ PARTA IANVN CLY SIT,  S C
(Ref. RIC-300; Sear-1973 var.; BMC-225)

Nero – Sestércio cunhado em Lião no ano 65.
Anv. Nero laureado à esquerda,
NERO CLAVD CAESAR AVG GER P M TR P IMP P P
Rev. Arco de Triunfo de Nero, sobrelevado por uma quadriga conduzida por Nero
acompanhado pela Pax à esquerda e uma Vitória à direita, ladeados por dois soldados.
Entre as colunas, a estátua de Marte nu com capacete.
(Ref. RIC-393; Cohen-306

Nero a tocar lira personificando o deus Apolo ; deus que patrocina o intelecto, a adivinação e as artes, brilha com todo o explendor num asse. 
O templo de Jano, o Arco de Triunfo de Nero, e montado num cavalo galopando, continuam a ser as moedas mais interessantes deste imperador.

Nero – Asse cunhado em Roma em 73-76
Anv. Nero laureado à direita,
NERO CAVD CAESAR AVG GERM P M TR P IMP P P 
Rev. Nero à direita com a capa de Apolo Citaredo, tocanco lira (ou citarra)
(Citaredo: designa uma estátua ou outro tipo de imagem de Apolo portando um dos seus atributos: uma lira). 
(Ref. RIC I-74 var.)

Nero-Sestércio xunhado em Roma no ano 63
Anv. Nero laureado virado à esquerda.
NERO CAESAR AVG GERM PM TR P IMP PP
Rev. Nero a cavalo, acompanhado por um segundo cavaleiro
DECVRSIO  S C 
(Ref. RIC-171; Sear-1957; BMC-145)

Por ser um dos imperadores mais conhecidos da história de Roma, as moedas de Nero são geralmente muito procuradas.

MGeada 

Bibliografia
Alain Decaux; La revolution de la croix : Nero et les cretiens, Éditions Perrin 2017.
Claude Aziza; Nero : Le mal aimée de l’Histoire, Gallimar collections, nº 493, 2006.
Eugen Cizek : Nero L’empereur Maudit, Éditions Fayar, Paris 1997.