quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

 

Decadracma de Siracusa 

Considerada a moeda mais bela de todos os tempos e uma das mais cobiçadas da numismática antiga.

Essas peças que exercem um fascínio pelo seu excepcional refinamente artístico, são consideradas como obra-prima da arte arcaica tardia e clássica grega.

Sicília – Hierão (ou Hierom I) -Tetradracma  cunhado em Siracusa 480-475 a.C..

Anv. Biga ao passo conduzida por um cocheiro a ser coroado por uma Vitória (Nique) voando para a direita.  

Rev. Cabeça de Aretusa com diadema e colar à direita rodeada por quatro golfinhos.  SU RAK –OS-ION = Siracusa

Durante o longo período da tirania de Dionísio de Siracusa (405-367 d.C.), algumas das mais belas moedasde pratado mundo grego e por conseguinte da história  foram cunhadas na Cicília: faço referência aos decadracmas que pesavam entre 42 e 43 grse valiam por 10 dracmas de prata. 

Sicília – Decadracma cunhado em Siracusa cerca de 410-400 a.C.

Moeda comemorativa dos Jogos Olímpicos em homenagem à vitória de Siracusa sobre os atenienses no ano 413 a.C.

Anv. Cabeça de Aretusa à esquerda adornada com uma coroa de vegetais, brincos e colar, rodeada por quatro golfinhos.

Rev. Quadriga conduzida por um auriga com as rédeas numa das mão e um chicote na  outra, sobrevoada por uma Vitória (Nique) para a direita e troféus de guerra.

Sicília - Decadracma cunhado em Siracusa cerca de 410-400 a.C.

Moeda comemorativa dos Jogos olímpicos em homenagem à vitoria de Siracusa sobre os atenienses no ano 413 a.C.

Anv. Cabeça de Aretusa à esquerda adornada com uma coroa de vegetais, brincos e colar, rodeada por quatro golfinhos.

Rev. Quadriga conduzida por um auriga com as rédeas numa das mão e um chicote na  outra, sobrevoada por uma Vitória (Nique) para a direita e troféus de guerra.

Já na antiguidade o próprio estado emissor dava-se conta da mais-valia das moedas que punha en circulação, permitindo excepcionalmente às emissões que os artistas monetários as assinassem. Desse modo essas moedas tornaram-se obras de arte, artigos de luxo  que já na antiguidade pela sua dispersão e abundância, deveriam ter sido peças de coleção e não apenas de valor monetário.

Hoje o decadracma de Siracusa continua sendo uma das moedas antigas mais cobiçadas pelos colecionadores devido à sua raridade e beleza artística. 


Sicília – Tetradacma cunhado em Siracusa 400-380 a.C

Anv. Quadriga galopando para a esquerda conduzida por um auriga a ser coroado por uma Vitória (Nique), com as rédeas numa  mão e chicote na  outra, na orla inferior um troféu de guerra.

Rev. Anv. Cabeça de Aretusa à esquerda adornada com uma coroa de vegetais, brincos e colar, rodeada por quatro golfinhos e trofeu de guerra: couraça, dardo e capaceto ático.

Grande parte das moedas do mundo antigo circularam durante pouco tempo. Nesse sentido o decadracma era um um tipo especial de moeda por ter muito valor devido ao seu elevado peso de prata, que na época não era muito comum.

Elas foram cunhadas para efectuar os grandes pagamentos da pólis (cidade Estado), e circularam durante alguns  anos até serem trocados por moeda fracionária ou outos objectos. quando um novo estadoou uma cidade tivesse que fazer um novo pagamento importante, a moeda fracion´ria era refundida para recunharem novos decadracmas.


Sicília Agátocles de Siracusa – Decadracma cunhado em Siracusa – 317-289 a.C.

Anv. Cocheiro a ser coroado por uma Vitória, conduzindo uma quadriga para a esquerda a ser coroado por uma Vitória (Nique). ΣΥPAKOΣIΩN 

Rev. Aretusa (ninfa) à esquerda com colar e brincos ladeada por 3 golfinhos - NI

Os decadracmas de Siracusa provavelmente também foram cunhados com o objectivo de pagar os mercenários nas guerras qus Dionísio travou contra Cartago e Atenas.

MGeada

Bibliografia

Jean Bruneau Vigne ; La Vie des Monnaies Grecques – edição do autor 1988.

Diodore de Sicile – Biblioteque Historique, Tome XI, livre XVI – Les Belles Letres Paris, 10-02-2016

 https://archaicwonder.tumblr.com/post/127578771100/beautiful-coin-of-hieron-ii-this-is-a-gold

https://www.coinarchives.com/a/results.php?search=decadrachm+Syracuse&s=0&results=100

 

domingo, 22 de novembro de 2020

 



Valéria Messalina Augusta - Imperatriz-consorte romana

(Predadora e insaciável sexualmente)

O primeiro fato controverso da vida de Messalina é a sua data de nascimento.
Alguns historiadores apontam o ano 17, porém é quase certo que tenha nascido entre os anos 20 e 25.

Filha de Barbatus Messal e Domícia Lépida, Messalina era também neta de Antónia a Velha, de Lúcio Domício e bisneta de Marco António.

Descendente de família nobre romana, Messalina casou com o imperador Cláudio no ano 38 ou 39, teria 13 ou 14 anos, idade legal de casamento para uma romana nessa época.

Uma rapariga com esta idade não podia ter ambições políticas.

Para a família Messala, o casamento de Messalina com Cláudio foi de grande conveniência visto que Cláudio era o único parente vivo de então imperador Calígula.

Para Cláudio esta união também foi importante, dado que Messalina era descendente de uma familia nobre,  não esquecendo a sua idade avançada (cerca de 50 anos), e os seus defeitos físicos: coxo, gaguejava e o mau hábito de cuspir enquanto falavava.

Messalina foi a terceira esposa de Cláudio do qual teve dois filhos.
Cláudia Otávia no ano 40 (futura esposa do imperador Nero), e Britanicus (Britânico) no ano 41, três semanas após a nomeação de Cláudio ao principado.

 
Messalina- AE 18 cunhado em Eólia (ou Eólida) 41-48
Anv. Busto de Messalina drapeado à direita,
CEBACTH MECAɅEINA
Rev. Zeus nu, com um bastão na mão esquerda e uma águia na direira,
AIΓAEION


Messalina- AE 23cunhado em Niceia, Bitínia, 41-48.
Anv. Busto drapeado de Messalina à esquerda
MEΣΣAɅEINA ΣEBAΣTH NEA HPA
(Messalina Augusta Nova Hera)
Rev. Templo de Hera Niceia
ΓAΔIOΣ POϒФOΣ ANΘϒΠATOΣ
(Caius Claudius Rufus Procônsul)

Apesar da reputação (libertina)  da sua esposa, a paternidade de Cláudio nunca foi posta em causa.
Segundo os historiadores  nos primeiros tempos de vida comum, tudo indicava ser um casal feliz, mas as coisas complicaram-se aquando da elevação de Cláudio ao poder supremo.

Tirânica, logo que ascendeu ao poder e como primeira dama do império, Messalina impôs-se como uma imperatriz de uma malvadez sem limites com  três principais objetivos.
A continuidade dinástica, os seus amores clandestinos, e o gosto pela riqueza.

Célebre pelo seu invulgar apetite sexual, (a história também lhe atribui algumas ações complacentes), a imperatriz tornou-se a imagem do escândalo e da luxúria,  que segundo o escritor Juvénal não hesitava prostituir-se publicamente nos bordéis de Subura e, transformou parte do palácio imperial num autêntico lupanar.

Aqui Messalina (segundo Dion Cassius LX, 18) não só exercia a sua própria devassidão, como também convidava, incentivava e obrigava outras mulheres a prostituir-se com os seus próprios amantes entre os quais alguns nobres, legionários e mesmo escravos na presença dos maridos.

Por estes homens que consentiam, sentia amizade e mesmo admiração que  ela recompensava com honras e  postos de comando.
Para quem rejeitava estas obscenidades: odiava-os, conspirava para os rebaixar e por vezes mandava assassinar.


Messalina e Antónia- AE 17 cunhado em Capadócia (Cesareia) 41-48.
Anv. Busto de Messalina laureado e drapeado à direita.
Rev. Busto de Antónia (sua avó)drapeado à direita.

Tudo isto se praticava com muita frequência e Cláudio levou muito tempo a perceber o que se passava no seu palácio.

É certo que Messalina fazia tudo para o distrair o imperador, metendo escravas na sua cama e ao mesmo tempo recompensar quem a encobria, e castigar severamente alguém em que não tivesse confiança e pudesse avisar o marido da atividade da esposa.

Exemplo: no ano 43, por suspeitar da fidelidade de Catonius Justus comandante da Guarda Pretoriana, mandou-o assassinar.
O mesmo aconteceu a Júlia, filha de Druso e neta de Tibério, entretanto esposa de Nero (sobrinho de Cláudio) da qual ela tinha ciúmes.  

Alguns historiadores contemporâneos tendem todavia embelezar a vida de Messalina, mas todos reconhecem a realidade da devassidão, da libertinagem da imperatriz, enquanto outros dizem que não era um caso único.
É certo que outras damas do império foram libertinas, mas Messalina direi que foi um caso excepcional.



Cláudio e Messalina - AE 20, cunhado em Creta,  cerca do ano 43.
Anv. Cabeça de Cláudio laureada à esquerda.
TI KLAUDIUO KAESAR GERMA SEBASTOS GERMA 
(Tibério Cláudio César Augusto Vencedor dos Germanos .
Rev. Messalina com diadema e drapeada à direita.
OUALERIA MESSALEINA
(Valéria Messalina)


Cláudio e Messalina-AE 17 cunhado em Paflagónia (ou Paflagônia) 40-41.
Cabeça de Cláudio laureada à direita.
CLAVDIVS CAES AVG CIF ANNO LXXXVI
Rev. Busto de Messalina drapeado à direita.
MESSALINA AVGVSTA

Se a história tem enegrecido a personalidade de Messalina, o seu comportamento  não é sem precedentes na sociedade imperial.
Depois da morosidade durante o reinado de Augusto, os comportamentos libertaram-se subitamente durante os primeiros anos do reinado de Tibério.
Algumas matronas não hesitaram inscrever-se na lista das prostitutas recenseadas pelas autoridades, para  poderem  amar livremente sem temer qualquer penalidade.

Em Roma os lupanares situavam-se no populoso Bairo de Suburra e, era numa destas casas na cela com o nome de Lyscica inscrito na porta,  que a esposa do mal-aventurado Cláudio se oferecia à lubricidade pública, por encontrar que os amantes ( nem sempre eram escolhidos com grande delicadeza) que tinha não lhe davam o prazer que ela desejava.

Quão grande sanguinária como prostituta, era sobre este desprezível caráter de cortesã de baixa escala que Juvénal (poeta satírico latino do fim do século I) a considerava.
Quantos homens perderam a vida apunhalados por um escravo sob as suas  ordens por terem rejeitado as suas propostas de amor, ou por terem divulgado a sua relação amorosa com a imperatriz.

Messalina tinha por hábito escapar-se do palácio aproveitando a escuridão da noite, escondendo o seu cabelo negro  com uma peruca loira, os seios cobertos com um manto de ouro, e acompanhada por um escravo (seu cúmplice) que  a guardava, e espiava os passantes nas ruas que conduziam aos bairros baixos de Roma.

Ao passar a porta do prostíbulo frequentado pela classe mais baixa de Roma, entrava  na cela da pretensa Lyscica e ali permanecia até satisfazer o seu apetite sexual.

Pela madrugada era necessário expulsar deste lugar maléfico, esta loba insaciável ainda que morta de fadiga. 
Nao havia diferença entre esta imperatriz  prostituta imunda e feroz, com as meretrizes gregas ou romanas, ou com a menos ilustre das cortisãs gregas, ainda que muito perversa e cobiçosa.

Em Messalina não havia mais que lubricidade bestial.
A sua vida foi marcada por um excesso de prazeres lascivos, extravagantes, e crueldade sanguinária.
Uma loucura monstruosa que aproveitou um poder que não estava previsto, para exercer as suas paixões lúbricas.

(Segundo o escritor C. E. Beulé (escritor e arqueólogo 1826-1874), nos personagens do século de Augusto havia um excesso de atividade libertina que era necessário reprimir.
Um temperamento que os princípios e  uma vigilância severa teria grande dificuldade em conter.)

Na sua pessoa, o prazer amargo dos sentidos e a fúria  do temperamento, tinham absorvido, desnaturado, exterminado, devorado  as outras forças.
Não havia nela amor pelas artes, pelas letras, a delicadeza intelectual que muitas vezes substitui a moral, nem sequer a presunção feminina da qual a máscara por vezes ainda se aparenta com a virtude.

 
Cláudio e Messalina-Tetradracma cunhado em Alexandria, 42-43.
Cabeça de Cláudio laureada à direita.
TI KɅAYΔI KAIΣ ΣEBA  ΓEPMANI AYTOKP
Rev. Messalina com véu, diadema e drapeada à esquerda, com duas  espigas  no braço  esquerdo, e o direito estendido com duas crianças na mão, (Britânico e Octávia).
MEΣΣAɅI NA KAIΣ ΣEBAΣ


Cláudio e Messalina, AE 18 cunhado em Knossos, cerca de 48.
Anv. Cabeça de Cláudio à esquerda.
CLAVDIVS CAESAR AVG GERMANICVS
Rev. Messalina drapeada à direita.
VALERIA MESSAL
Minada pelo vício, escrava do seu corpo, a volúpia  era o quotidiano deste ser que, por não estar sujeito a qualquer repressão, desenvolveu-se como uma doença crónica.
Todos os vicíos que um poder ilimitado lhe permitia satisfazer, levavam fatalmente à mesma atividade : a voluptuosidade.

Uma das maiores obcenidades que lhe são atribuidas, foi quando Messalina  se interessou pelo seu padrasto Ápio Silano, (segundo esposo da sua mãe)  que não cedeu às suas investidas.
Messalina que  não lhe perdoou esta ofensa, conspirou contra ele e Cláudio deu ordens para que Ápio fosse executado. 

Cláudio, Informado por Tibéruis Claudius Narcissus (um dos seus espiões) acabou por descobrir que além da sua deboche, de todos os escândalos, inclusive a sua prostituição em bordéis imundos, Messalina também tinha esposado o seu amante Gaius Silius, com um contrato de casamento em boa e devida forma.

A gota de água que fez transbordar o vaso.
Cláudio assinou o contrato de casamento, porque lhe disseram que o documento era uma forma de o proteger e condenar outros contra uma ameaça que alguns bruxos tinham anunciado.
O imperador não perdoou esta ofensa, e deu ordens para que fosse assassinada, o que aconteceu no ano 48 nos jardins de Lucullus.

Informado da morte de Messalina quando se encontrava num banquete com alguns amigos, Cláudio nem perguntou quem a tinha matado, apenas pediu para lhe encherem o copo e continuou a comer. (Suetónio, Cláudio, 26,  (Pag. 13/19)2


Cláudio e Messalina AE 20  cunhado na Lídia, 43-49
Anv. Bustos laureados e drapeados de Messalina e Cláudio.
TI KɅAY KAI ΣEBAΣ
Rev. Britânico em pé vestido com a toga, e espigas de milho na mão direita.
(Toga: peça de vestuário característica da Roma Antiga.)

Assim pereceu a incarnação da luxúria. Quanto a Cláudio, após alguns dias de silêncio declarou que não voltava a casar.

Esta é uma história quase incrível e muito controversa, mas sem dúvida com alguma verossimilidade.
Uma análise desta estranha personalidade da Roma Imperial, “Messalina”, uma mulher fatal, da qual ainda fica muito por contar.

MGeada

Bibliografia

Gérard Minaud ; Les Vies des Douze Femmes D´Empereur Romain-Devoirs, Intrigues & Voluptés, Paris, L´Hammatan, 2012, chap. 2, La vie de Messaline, femme de Claude, p. 39-64.
Pierre Grimal ; L´Amour à Rome, Petite Bibliothèque Payot, 1995.
Dina Sahyouni, Le Pouvoir Critique des Modeles Féminins dans les Mémoires Secrets : Le Cas  de Messaline.
Paul Veyne : La Société Romaine, Points Histoire, Editions du Seuil, 1995.
Jean-Yves Milton : Messalina

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

 


Moedas incusas cuja gravação aparece convexa de um lado e côncava do outro.

Existem séries de moedas que foram cunhadas deliberadamente em apenas numa face, o reverso aparece côncavo. Entre essas moedas que não resultam de erros, encontramos numerosas moedas cunhadas em  cidades gregas do sul da Itália, principalmente emTarento, Metaponte, Siris, Síbaris, Pandosia,  Crotone,  Caulônia, Posidônia, Laos e Temesa.

No entanto, existem numerosas  moedas cunhadas acidentalmente que podemos encontrar em séries gregas, assim como em republicanas e imperiais romanas . Essas moedas são defeitos de cunhagem involuntários, a moeda foi inserida no cunho antes da outra ter saído. Só uma face da moeda foi cunhada, enquanto o reverso ficou côncavo.1

Síbaris – Estáter cerca de 550-510 a.C.
Touro à esquerda olhado para a direita.
(Foi uma antiga cidade grega na margem do golfe de Tarento. Foi fundada em 720 a.C. ).

Lucânia (Possidónia) - Dracma cerca de 530-500 a.C.
Posídon em pé à direita ostentando um tridente

Metaponte (Itália) . Eatáter 530-510 a.C
Espiga de trigo.

Messina (Sicília) - Dracma -520-493 a.C.
Golfinho à esquerda

Laos (Marcelina) Estáter cerca de -510-500 a.C.
(Antiga Colónia grega da Itália do Sul).
Boi à direita
República Romana6

Q. Fabius Labeo - Denário 124 a.C.
Anv. Roma com capaceto à direita
ROMA  X  LABEO

Tiberius Quinctius (Quintia) – Denário cunhado em Roma – 112-111 a.C.
Anv. Hércules laureado à esquerda com a moca ao ombro.

Marco António – Denário 49 a.C
Marco António à direita
ANTON AVG IMP ???

 Império Romano

Marcus Salvius Otho (Marco Sálvio Otão) – Denário 69 d.C.
IMP M OTHO CAESAR AVG TR P

Trajano – Tetradracma cunhado na Tiro (Fenícia)  103-109
Anv. Trajano co coroa radiada à direita
AVTOKP KAIC NEP TRAIANOC CEB ΓEPM ΔAK 

Macrino – Denário cunhado em Roma  217-218
Macrino laureado à direita
C M  OPEL SEV MACRINVS AVG

MGeada

Bibliografia

Le monnayage et les monnaies fautées 1780-2009, Jean-Claude Chort, 2009- Editions Victor Gadoury.

https://www.anciennes-collections.com/wp-content/uploads/2017/10/Monnaies-faut%C3%A9es.pdf

https://www.numisaisne.fr/fr/104-monnaies-fautees

https://www.google.com/search?q=monnaies+antiques+grecques+faut%C3%A9es&tbm=isch&ved=2ahUKEwjS5M7PjMHsAhUU0OAKHTA8DaQQ2- 1#imgrc=SjFNloAybpfoAMhttps://www.google.fr/search?q=MONNAIES+GRECQUES+FAUT%C3%89ES&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjdpfvhlMHsAhXhxoUKHbopA8QQ_AUoAXoECA8QAw&biw=1366&bih=625


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

 


Quando Cómodo renomeou Roma.

Marcus Aurelius Commodus Antonius“Cómodo”.
Imperador romano de 180 a 192, Cómodo nasceu em Lanúvio (Lácio) a 31 de agosto de 161 e faleceu em Roma a 31 de dezembro de 192.
Filho de Marco Aurélio e de Faustina a Jovem, o seu reinado terminou a era dos “cinco bons imperadores”da dinastia Antonina.
Descendente de Antonino Pio, Cómodo é o único imperador desta dinastia que não foi adotado, isto é, nascido na púrpura imperial.

Há quem pretenda que Cómodo não era filho de Marco Aurélio, mas de um gladiador com o qual sua esposa Faustina teria relações.

De facto, sua mãe é descrita por Dião Cássio na História de Augusto, como infidele que traía o seu marido com gladiadores.
Faustina teria grande atração por este género de homens, e quando assistia aos jogos no Coliseu, diz-se que os combates eram mais violentos que o normal.


No ano 177 Cómodo casou com Bruta (ou Brútia) Crispina que recebeu o título de Augusta.
Crispina então com dezasseis anos de idade, ofereceu-lhe como dote um grande número de propriedades que, juntamente com o tesouro imperal, assegurou-lhe o controlo sobre uma parte substancial do território da Lucânia.

A cerimónia em si foi modesta, mas comemorada através da cunhagem de moedas e em generosas distribuições à população. 

Cómodo-Denário cunhado em Roma em 183
Anv. Busto de Crispina drapeado à direita;
CRISPINA AUGUSVTA
Rev. Duas mãos juntas; 
CONCORDIA
(Ref. RIC-279ª)

Cómodo-AE 28 cunhado na Trácia (data incerta)
Anv. Bustos drapeados de Crispina e  Cómodo;
BR KRICPINA CEB AYT KL AYRH  KOMMODOC
Rev. Capaceto coríntio;
BYZANTIWN EPI PONTIKOY
(Ref. Sear-2069, Moushmov-3304)

Após dez anos de casamento, Crispina falsamente acusada de adultério foi banida para a ilha de Capri em 188, e mandada executar pelo ex-esposo em 193.
Cómodo e Crispina não tiveram filhos, o que provocou uma crise de sucessão em 193, conhecida como o ano dos cinco imperadores, que teve início com o breve reinado de Pertinax  (86 dias).
Cómodo não voltou a casar, mas teve grande relação amorosa  com uma amante chamada Márcia, que segundo a história tentou assassiná-lo.

Cómodo-AE17 cunhado em Elea (Eólida, data incerta)
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
AVT  K  L  AVR  KOMODOC
Rev. Busto de Crispina sob os traços de Deméter à direita;
ELAITOWN 
(BMC-47, SNG von Aulock-1614-1615)

Os historiadores antigos nunca se resignaram a admitir  esta filiação, e atribuíram a Faustina esposa do imperador e mãe de Cómodo, aventuras galantes.

Marco Aurélio, filósofo impassível e cético por natureza, consultou magos e astrólogos que  aconselharam um tratamento radical para assegurar a fidelidade da sua esposa.
Naturalmente em primeiro o assassinato do gladiador.

Em seguida Faustina teria que tomar um banho de assento, quente, perfumado, prolongado, e em seguida fazer apaixonadamente amor com o seu ligítimo esposo.
Segundo a história depois desta medicação, a paixão de Faustina por gladiadores dissipou-se imediatamente, e nove meses depois nasceu o catastrófico Cómodo.

Os biógrafos antigos afirmam que muito cedo o jovem Cómodo mostrou instabilidade no seu caráter, falta de interesse pelos estudos e belas artes, a sua atracão pelos jogos violentos do circo, e sobretudo a sua indeferença para com o governo do império.

No entanto, ao contrário do que o “filme Gladiador” nos quer fazer crer, o seu pai Marco Aurélio nunca pôs em causa  a sua designação como herdeiro do trono.

Os protestos do Senado, o descontentamente do povo, as advertências dos seus conselheiros, não abalaram a determinação do filósofo coroado.
“Seria Cómodo o seu sucessor, venha o que vier”. “Depois de mim o dilúvio !”.

Cegueira paterna caracterizada? Ou Marco Aurélio esperava que com a idade e experiência o carácter do seu filho melhorasse?
O velho imperador pensaria que o seu filho degostoso com a  política, abandonaria as rédeas do poder aos sages e experientes que o aconselhavam?
Ou então, explicação final para esta obstinação incompreensível, talvez Marco Aurélio pensasse que fosse quem fosse o seu pai, e apesar dos defeitos do seu filho, Cómodo tinha direitos inalienáveis ao trono romano.  

Na verdade, Cómodo filho de Faustina também era neto de Antonino Pio.
Um dia em que alguém aconselhou Marco Aurélio a separar-se da sua esposa “a  libertina Faustina”, ele respondeu que divorciar era renunciar à sua fortuna e ao império.

Foi assim que desde a sua tenra idade, o perturbado Comodo, mimado, podre por uma comitiva muito indulgente às suas fraquezas, foi coberto de honras e títulos extravagantes.

Aos seis anos de idade o seu pai nomeou-o “Caesar” César.
Aos onze recebeu o título de “Germanicus” Germânico.
Aos treze tornou-se sacerdote “Pontifex” Pontífice.

Cómodo-Denário cunhado em Roma 175-176
Anv. Busto juvenil de Cómodo drapeado à direita;
COMMODO CAES AVG  FIL GERM SARM
Rev. Instrumentos de sacrifício;
PIETAS AVG
(Ref.-1544, Sear 88#1599)

Finalmente aos quinze anos, no dia 27 de novembro de 177, seu pai chamou-lhe “Imperador”, associou-o ao trono, e deixou este jovem cruel e astuto, triunfar e passear ao seu lado nas ruas de Roma.
Marco Aurélio preparou a sua sucessão com a mesma serenidade e rigor, que ele dedicava a todas as coisas que realizava.

Quando no dia 17 de março de 180, no regresso da sua última e vitoriosa campanha no Danúbio, o imperador filósofo faleceu em Vendobona (Viena), nenhuma voz le levantou para contestar a Cómodo o seu direito à coroa imperal.
O novo imperador apressou-se a terminar o processo de uma paz de compromissos com os bárbaros vencidos por seu pai.

Cómodo-denário cunhado em Roma 186-189
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
M COMM ANT P FEL AVG BRIT
Rev. Roma sentada  com uma lança na mão esquerda
e uma Vitória na mão direita;
ROMAE  AETERNAE C V P P
Ref. RIC III-429b, BMCRE-546, Sear-5895)

Aquando livre de preocupações guerreiras, Cómodo regressou a Roma para se dedicar à vida incomparável com que sonhava : uma existência fastuosa e sensuale, cheia de festas e jogos, temperada com deboches sem precedentes, e uma luxura embebida de vinho e sangue.

Cómodo que portanto era duma ferocidade bestial, quando tinha que defender as suas prerrogativas perante um senado exasperado, deixava os seus favoritos governar : (Pérennis, Cléandro e outros...) que deu origem a que a  corrupção, precaridade e má administração se multiplicasse.

Embora não tenha sido confontado com nenhuma ameaça exterior ao Império, Cómodo cada vez mais desiquilibrado conseguiu nos dezoito anos do seu reinado, compremeter gravemente o pretigio militar e económico de Roma.

A peste despovoava regiões inteiras, havia fome em todo o Império, bandas de soldados sem comando nem soldo devastavam a Gália, enquanto em Roma o imperador perguiçoso pavaneava no anfiteatro disfarçado de Hércules, (do qual se pretendia ser a incarnação) e combatia as feras com uma moca enorme.
 
Cómodo-Denário cunhado em Roma em 180
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
M COMM ANTON AVG PIVS FEL
Rev. Águia imperial sobre um globo;
CONSECRATIO
(Ref.RIC-93 ((raro)), RSC-1009)

No entanto o reinado desastroso deste louco, não teve consequências graves para os cristãos
que, segundo Santa Irene eram numerosos a trabalhar no palácio imperial.

Mais, Márcia a concubina preferida de Cómodo que ele adorava ver trajada de amazona,  (túnica curta e seio nu), era uma fervente cristã que recebeu o santo papa Vítor I no palacio imperial, para lhe entregar os decretos de amnistia assinados pelo imperador que dava liberdade aos cristãos encarcerados nas prisões de Sardenha.

Como ironicamente escreveu Edward Gibbon (História do Declínio e Queda do Império Romano), provavelmente não seria fácil a Márcia “a amiga de Deus” para “conciliar a prática do vício com os preceitos do evangelho”.
(Santo Hipólito de Roma chamou a Márcia, “Philotheos”, a amiga de Deus).


Cómodo-AE 41, Medalha de bronze  177-192
Anv. Busto de Cómodo com coroa radiada e Márcia com colar e capacete à direita,
L AVRELIVS COMMODVS AVG PIVS FELIX
Rev. Ao centro a Felicidade com cetro e cornucópia;
à direta Cómodo com véu e manto oferecendo um sacrifício;
à esquerda Vitimário com um boi.
P M TR P XVII IMP VIII
(Cohem-17, Gnecchi p. 64, 116 anv. / 113 rev.)

(À primeira vista podemos supor que o busto feminino ao lado de Cómodo com capacete na cabeça, poderia ser Minerva ou Roma, mas o “pelta” não deixa dúvidas, é bem a representação duma amazona, e neste caso Márcia a concubina por quem Cómodo estava loucamente apaixonado).
(Pelta :pequeno escudo ligeiro em forma de crescente de lua, era um símbolo exclusivo das amazonas).

No entanto, se Márcia era uma boa cristã, todavia ela não estava preparada para ser marterizada.
Quando um dia por acaso a curiosidade a levou a abrir algumas gavetas e consultar alguns documentos confidenciais do imperador, ela descobriu o seu nome numa lista de futuros condenados à morte, ela não perdeu tempo em oraçães que seriam inuteis, e decidiu passar imediatamente à ação.

Ainda o mesmo dia quando Cómodo terminou um dos seus sete banhos quotidianos, Márcia ofereceu-lhe a sua companhia bem voluptuosa, assim como um copo de vinho, “bem envenenado”.
Mas apesar de cansado de uma vida de deboche e libertinagem, o seu amante ainda era forte como um turco, e o veneno depois de provocar alguma sonolência, funcionou como um emético, e o imperador que ainda não queria morrer rejeitou a matéria tóxica!

Foi então que Márcia com o seu cúmplice e futuro esposo, subornaram um jovem robusto chamado Narciso que trabalhava no palácio, que conseguiu dominar e estrangular  Cómodo quando este tomava banho na noite de 31 de dezembro de 192.
Portanto Cómodo faleceu estrangulado na banheira e não no circo. a República também não foi restabelecida após a sua morte como nos mostra Hollywood no filme de Ridley Scott “Gladiador”.


Cómodo-BR cunhado em Roma, 180-192 
Anv. Busto de Comodo laureado à direita;
M COMM ANT P FELIX AVG BRIT
Rev. Sacerdote (Cómodo) velado e drapeado;
com uma junta de bois abrindo um sulco com a charrua,
COL L AN COM PA TR P XV IMP VIII  COS VI  SC
(Ref. RIC-570- Cohen-40)

Aquando da cerimónia da fundação de uma cidade e para marcar os seus limites, um sacerdote conduzindo uma charrua puxada por uma junta bois, cava um sulco que simbolizava as muralhas da cidade.
(Segundo Ovídeo, foi Rómulo o primeiro a efectuar este ritual). 
Um dia auspicioso era escolhido,  geralmente o dia da festa de Pales (divindade da mitologia romana relacionada com o pastoril) que marcava o início dos trabalhos do campo. 
Primeiro abria-se um buraco fundo que se enchia com grãos, frutos e terra dos campos vizinhos.
Neste buraco quando cheio, erguia-se um altar que acendiam ao mesmo tempo que o sacerdote com a charrua marcava os limites da nova cidade.

Cómodo AE 23 cunhado em Roma 190
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
M COM ANT P FELIX AVG BRIT P P
Rev. Sacerdote (ou Cómodo) velado e drapeado,
com uma junta de bois abrindo um sulco com a charrua;
COL L AN COMM P M TR XV IMP VIII COS VI SC
(Ref. RIC-570- Cohen-40)

Este tipo com o sacerdote velado e a junta de bois, aparece com muita frequência em moedas coloniais, mas é raríssimo em moedas cunhadas em Roma.
A legenda deve sem dúvida ser interpretada como COLonia Lucia ANtoniniana COMModiana.

É interessante que o prenome de Lúcia fosse dado a Roma, num momento em que o próprio Cómodo se nomeava ele mesmo de Marcus.

Cómodo-AE 15 cunhado na Misia 180-192
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita,
AD IMP C AV COMODO
Rev. Sacerdote (ou Cómodo) velado e drapeado,
com uma junta de bois abrindo um sulco com a charrua;
C G I H P
(Ref. BMC-101, SNG Cop-289)

Com estes reversos mostrando a cena da cerimónia da fundação duma cidade, temos provas de que a cidade Eterna, foi renomeada Colónia Comodiana pelo imperador Comodo.
Este facto foi relatado por Accius Lamprinius,  (autor não fiável da “História de Augusto”), e graças a este testemunho da moeda, temos  a prova  que é uma realidade histórica.

(Accius Lamprinius, um dos seis autores fictivos da coleção de biografias ditas da História de Augusto.
Ele terá sido o autor das biografias de Cómodo, Diadumediano, Heliogábalo e Alexandre Severo.)

O mesmo historiador também nos diz que ao mesmo tempo ele apresentou ao Senado o seu projeto de mudar o nome da cidade, e que o Senado se chamasse “Senatus Commodianus”.
Esta absurdidade foi mesmo ratificada por um Senatus Consultum, como podemos ver no mesmo reverso.
 O “S C” em moedas cunhadas em Roma, era unicamento destinado aos Dupôndios, Asses e Sestércios.


Cómodo-AE 43, Medalha cunhada na Lídia em 177
Anv. Busto de Cómodo laureado e drapeado à direita;
AVTO KAI L AVRH KOMODOC
Rev. Cómodo com um cetro na mão esquerda,
conduzindo uma biga, e uma Vitória a coroá-lo;
EPI ARXIEROC TATIONOV CILANDEWN ARX
(Ref. Assos Kraft, 88. 14c)

Cómodo-Sestércio cunhado em Roma em 183
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
M COMMODVS ANTO NINVS AVG PIVS
Rev. A Pax sentada num trono, com uma
cornucópia na mão esquerda, e um ramo na direita;
P M TR P VIII IMP VI  COS IIII PP  PAX  S C
(Assos Kraft, 88. 14c)


Cómodo-Dupôndio cunhado em Roma 179/180
Anv. Busto de Comodo drapeado e com coroa radiada à direita;
L AVREL COMMODVS AVG TR P V
Rev. A Virtude com uma lança na mao direita
e parazónio (espada curta) na esquerda;
VIRTVS AVG IMP II COS II P P   S C
(RIC-292ª, Cohen-961-2, BMC-1724)

Accius Lamprinius (capítulo VIII) escreveu que Cómodo foi inspirado por Márcia (sua amante) que ele adorava ver disfarçada de amazona.

Para mostrar a obstinação  de Cómodo sobre este tema, Cassius Dion afirma que o povo foi obrigado  a chamar à cidade, Roma Comodiana e ao exército, Commodiani.
(Lucius Claudius Cassius Dio : historiador romano de origem grega).

Roma foi ainda apelidada pelo imperador, “a Eterna Afortunada Colónia do Mundo”, a sua intenção era que a cidade fosse considerada como a sua própria colónia, que ele não incendiou graças à intervenção de Quintus Aemilius Laetus, prefeito da guarda imperial romana.

Cassius Dion escreveu na (História de Roma, livro 72, XV ) que para os romanos, Cómodo era mais temido que todas as pragas, doenças e malefícios.

Entre outras razões, os decretos que os obrigava a prestar homenagem ao seu pai e homenageá-lo a  ele mesmo, e decretou que Roma passaria a chamar-se Comodiana e os exércitos Comodianos.

O dia em que Cómodo promulgou  estes decretos, ele mesmo tomou alguns sobrenomes, entre outros, o de Hércules.
Diz-se mesmo que na sua loucura, queria que a Cidade Eterna passasse a chamar-se Colónia Hercúlea Comodiana.

Cómodo-Denário cunhado em Roma 191-192
Anv.Cómodo com a pele de leao à direita;
L AEL AVREL COMM AVG P FEL
Rev. Moca de Hércules;
HER CULI RO MANO AVG (em três linhas)
(RIC-637, Cohen-192)

Comodo é aqui representado como Hércules com a pele do leão de Nemeia na cabeça; mais
um testemunho da sua legendária megalomania.

Cómodo-AE 24 cunhado em Topiros (Trácia)
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
AV KAI MAVP KOMODOC
Rev. Hércules sentado num penedo, apoiado na moca;
EPI KAIKI CEPBEILI TOPEIREITWN
(Ref. CNG-90

Cómodo-Denário cunhado em Roma, 191-192
Anv. Busto de Cómodo com a pele de leão na cabeça à direita;
L AEL AVREL COMM AVG
Rev. Arco, Moca e Aljava com setas;
HERCULI ROMANO AVG
(RIC-253, Cohen-196, Calic-2260, Biaggi-990)

Cómodo-Denário cunhado em Roma em 192
Anv. Busto de Marco Aurélio  coroado à esquerda;
L AEL AVREL COMM AVG P FEL
Rev. Hércules de pé com a moca e a pele de leão
na mão esquerda, e um troféu na direita;
Rev. HERCVLI ROMANO AVG
202ª    (RIC-264c, RSC-202ª)

Cómodo pretendia que Roma tinha sido colonizada por ele, ao mesmo tempo que lhe atribuiu os sobrenomes de Imortal, Afortunada e Colónia Universal da Terra.

De 185 a 189, Cómodo confiou o poder a Cleandro, um antigo escravo promovido cavaleiro,
que para se enriquecer não exitou em vender as magistraturas : só no ano 189, houve vinte e cinco cônsules.

Cleandro também mandou executar ou originou que cometessem suicídio grandes personagens, mas a sua política de terror também lhe valeu a morte, porque Cómodo para acalmar os romanos afamados e revoltados mandou-o executar.

De 190 a 192, Cómodo apresenta cada vez mais sinais de demência, continuando a identificar-se  a Hércules, e a corte nas mãos dos seus favoritos e suas amantes, não é mais que um local de intrigas, conspirações e assassinatos.

Se Cómodo derramou o sangue e a morte em Roma, o império não sofreu muito da sua loucura porque a administração funcionava.

Cómodo-Sestércio cunhado em Roma em 183
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
M COMMODVS ANTONINVS AVG PIVS
Rev. A Felicidade  com cornucópia e caduceu;
TR P IMP VI COS III P P  SC
202ª    (RIC-264c, RSC-202ª)

Os centros de decisões das províncias decidiam, e a  paz reinava no império.
As extravagâncias de Cómodo também não compremeteram as finanças públicas.
Apaixonado por religiões orientais, ignorou os cristãos que não sofreram qualquer perseguição, o contrário do que se passou no tempo de Marco Aurélio.

Se nos referirmos às muitas biografias, o reinado de Cómodo ainda é mal conhecido.
Ao examinarmos bem as acusações de que é alvo, elas repetem as listas dos defeitos dum Calígula, um Nero, um Domiciano; e se Cómodo  se comportou com a raiva sanguinária que lhe é atribuída, porque é que um imperador tão sensato como Septímio Severo se declarou seu irmão?

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Cómodo-Denário cunhado em Roma 177-192
Anv. Busto de Cómodo laureado à direita;
COMMODVS ANTON AVG PIVS 
Rev. A Pax com uma cornucópia e uma palma;
TR P VIII IMP VI COS IIII PP
(Cohem-832)

A sua morte marcou o fim da dinastia Antonina, assim como uma época de relativa paz, (PAX ROMANA), e deu inicío a um período de crise económica e política.

MGeada


Bibliografia
Bennet Julien ; Trajan: Optimus Princeps, 2ª. ed..
Christien Bonnet, Bertrand Lançon ; L’Empire romain de 192 à 325 : du Haut-Empire à L’Antiquité tardive, Ophrys-1997.
Gilber John ; mitos e lendas da Roma Antiga, 2ª ed, São Paulo.
Grndes Impérios e Civilizações. Roma-Legado de um Império, 11 ed. Madrid, ed. del Prado, 1999.
História de Agusto, vida de Cómodo, 1.3
História de Augusto, vida de Cómodo,1.2