sábado, 29 de junho de 2013

NUMISMÁTICA HEBRAICA

Os hebreus, na sua origem, eram um povo nómada semita que vinha de Caldeia (nome antigo da Babilónia) e se fixou na Palestina.
A origem dos semitas situa-se na África e, foi desta região árida que por migrações sucessivas, algumas tribos incapazes de sobreviver na areia do deserto, partiram à conquista de um lugar à sombra.
Israel tomou posse do país onde se fixou pela força das armas que lhe asseguraram a vitória sobre os precedentes habitantes da Palestina.
Chamamos ás populações das regiões setentrionais, indo-europeias, e ás do centro e do sul da Assíria até a Arábia, semitas.
A palavra “semita” deriva de “Sem”, filho lendário de Noé que seria o ancestral de todos os povos semitas.
O termo hebreu está relacionado com “Heber” descendente de Sem, e a raiz da palavra é “Ibri”que significa passar.
Um hebreu é um homem muito errante um passante.
Os hebreus povo constituído por tribos, elegeram um rei por volta do ano 1 000 a.C., que como em todo o lado, tinha o papel específico de ser um militar em tempo de guerra, e juiz em tempo de paz.
Salomão, (segundo a bíblia hebraica) rei de Israel de 970 a 931 a.C., com a ajuda do rei de Tiro, começou a construção do primeiro templo que chegou a mobilizar 150 000 trabalhadores.
O templo foi inteiramente destruído no ano 587 a.C., por Nabucodonosor II, rei da Babilônia, 604-562.
Nenhum vestígio de utilização da moeda chegou até nós, para o período do primeiro templo de Jerusalém.
O livro deuteronómio (quinto livro do Pentateuco) fala das moedas de Abraão (que vivia no tempo de Hamurabi assim como de Josué e David Mardochée), mas não passam de pagamentos anacrónicos.
Os pagamentos nessa época efetuavam-se com um peso de metal, e o siclo correspondia a uma unidade monetária de peso.
No velho testamento encontramos algumas expressões de pagamento tais como: Abraão pagou a Efraim 100 chekels de prata.
Eleazar (ou Elazar) prendeu um anel de ouro que pesava meio chekel (=1 siclo).
Manaem rei de Israel pagou ao rei da Assíria um resgate de 1 000 talentos de prata. (O Talento valia 3 600 siclos).
À morte de Salomão o reino Hebreu foi dividido em dois: o reino de Israel e o reino de Judá.  
O primeiro durou dois séculos o segundo três.
Israel foi conquistado pelos assírios no ano 722 a.C., Judá invadida em seguida e os seus habitantes levados cativos para Babilónia, onde ficaram meio século.
Ciro 558-528 a.C., pôs fim ao Império de Caldeia, apresentou-se como o libertador das populações cativas, e autorizou o regresso dos judeus à Judeia no ano 555 aC..
O segundo período dito do segundo templo, começou no início da  sua construção por cerca do ano 535 a.C.. (Terminado no reinado de Dário I, 521-486).
Este período terminou com a destrução do templo pelo exército do imperador Tito no ano 70, e a dispersão do povo de Israel.      

(No ano 66, a população judaica revoltou-se contra o império Romano. Quatro anos mais tarde as legiões romanas sob o comando de Tito reconquistaram e destruiram Jerusalém assim como o segundo templo.
Este acontecimento particularmente doloroso na história judaica, é comemorado todos os anos no dia 9 de Abril.) 

Tito, Sestércio cunhado em Roma ou Trácia cerca de 80-81
Anv. Busto de Tito laureado à direita
IMP T CAESAR DIVI VESPAS F AVG.
Rev. A Judeia sentada chorando: palmeira, 
capacete,  lança e couraça.
IVD/AEA  CAP/TA S C
Ref. RIC 141, Cohen 112.
(Este tipo comemora o fim da guerra na Judeia, e a tomada de Jerusalém.)

Para a história numismática este período estende-se até ao ano 135 da nossa era, ano em que os romanos esmagaram a segunda revolta judaica e estabeleceram no sítio, em vez de Jerusalém, a cidade do Capitólio.
Foi durante o período do segundo templo que os judeus emitiram moeda própria: como estado soberano, como vassalos de Roma, ou ainda como inimigos dos romanos.
Estas moedas têm poucas figuras: um dos seus mandamentos proibia a representação de imagens consideradas como idolatria. Os semitas tinham aversão pelas imagens.
Por outro lado os judeus que lutavam pela independência, não pensavam produzir obras de arte, mas sim moedas de necesidade ou de urgência.
Para a história judaica, esta amoedação tem uma importância significativa e dá-nos o reflexo verídico dos acontecimentos desses tempos.
Podemos observar nessas moedas a marca do poder que dominava a terra da promissão.
A terra de Canaão prometida por Deus aos hebreus.
No século V a.C., a Judeia formava uma região integrada na quinta província Persa. Era uma possessão longíqua do império.

 Império Persa, Meio siclo (prata), Judeia 375-333 a.C..
Anv. Busto, laureado  à direita.
Rev. Águia com as asas abertas e legenda
aramaica YHDH (JUDA).
Ref. Hendi 1059, Meshorer TJC 16 

 Império Persa, Meio siclo (prata), Judeia 350 a.C.
Anv. Três tipos possíveis,  O rei, o mocho ou um lírio.
Anv. Falcão com as asas abertas e legenda aramaica YHDA 
Ref. Hendin 1051, Meshorer TJC 18.

Alexandre III dominou Israel por volta do ano 332 a.C., e a cultura helénica invadiu a Judeia assim como todos os territórios conquistados. Esta helenização não era mais que uma ocidentalização.
Foi Alexandre que levou o instrumento monetário (a moeda) à Ásia, à India e ao Oriente, pois não existe nehum vestígio de moeda, antes da chegada dos gregos.
À morte de Alexandre no ano 323 a.C., esta parte do território a leste do império, foi dividida entre os Ptolemeos do Egito e os Selêucidas da Síria.

  Jerusalém ?, ¼ obolo (prata), Ptolemeu II 285-246 a.C.
Anv. Busto de Ptolemeu  à direita.
Rev. Águia com as asas abertas e legenda aramaica YHDH (IUDAEA)
Ref. Hendin 1087,  Meshorer TJC 17.

Seleuco I comandante da cavalaria de Alexandre, apoderou-se da Babilónia.
Esta província (Babilónia) situava-se entre o Tigre e  Mediterrâneo.
Seleuco Nicator, fundador da dinastia, adotou o sistema monetário ático com um tetradracma de 17,20 grs..
A Judeia que era dominada pelos Ptolemeus, depois da quinta guerra síria no ano 198 a.C.,  passou a ser controlada pelos seleucos.

  Judeia, Seleuco IV Filopator,
BR (bronze)22, 187-175 a.C.
         Anv. Busto de Dionísio à direita.
Rev. BASILEUS SELEUKOU e proa de navio.
Ref. GB57112, SGCV II 6970, Hougton-lorber II 1316,2.

No ano 175, por necessidade financeira provocada  pela pesada indenização de guerra exigida por Roma, Seleuco enviou o seu comandante Heliodoro a Jerusalém confiscar o tesouro do templo.
Missão que não conseguiu, devido à resistência que encontrou comandada  pelo Sumo Sacerdote Onías III, (177-174 a.C..)
De regresso, ainda em setembro do mesmo ano, Heliodoro assassinou Seleuco IV.
Com o período em que a força romana começou a ser conhecida, os seleucidas começaram a terminar com as guerras de sucessão.
Sob o  comando de Matatias Asmoniano padre e pai dos Macabeus, uma revolta assegurará aos seus descendentes a independência da Judeia.
Jonathan, terceiro filho de Matatias recebeu o cognome de Macabeu (do sírio maqqaba “martelo”), em reconhecimento da sua bravura em combate.
Podemos ler no livro dos Macabeus, que o rei Antíoco concedeu a Simão Macabeu o direito de emitir moeda  depois da revolta vitoriosa dos asmonianos, (também dito asmoneus ou asmoneanos).
Simão o ultimo filho de Matatias foi assassinado no ano 131 a.C., o sacerdotismo assim como o comando militar passou aos seus descendentes por herança.
Na época, a moeda seleuca perdeu em peso e encontrou-se com tetradracmas com menos de 15grs..
Antíoco VII (138-129 a.C.),  ao perder a Judeia permitiu a Hircano I, terceiro filho de Simão restabelecer em seu favor o título de rei. 
Hircano escreveu o seu nome em pequenas moedas copiadas dos Ptolemeos  e dos Selêucidas.

 Judeia, Hircano I
Prutá bronze, Jerusalém, cerca de 132-130 a.C.
Anv. Ancora invertida e legenda.
Rev. Flor de lírio.
Ref. Hendin 1131, SGCV II 7101,


Do reino de Alexandre Janeu  (104-78 a.C.), chegaram até nos moedas bilíngues, as legendas hebraicas são repetidas em grego.

 Judeia Alexandre Janeu
Prutá, Jerusalém 104-78 a.C.
Anv. Flor de romã e legenda hebraica, Alexandre  rei
Rev. Âncora e legenda grega
BAΣIɅΞΩΣ  AɅEΞANΔPOY(Rei Alexandre)
Ref. Hendin 467, Mesmorer 5

Os asmonianos praticavam uma política expansionista de conversão ao judaismo e governaram até antes do ano 40 a.C.. Eles submeteram os Idumeus.     
As moedas, pelo tipo, acomodam-se aos seus preceitos religiosos. A unidade monetária o “prutah” estava em ligação com o dracma Ático.
Um dracma de prata equivalia a 168 prutás de bronze ou 6 obolos de prata.

 Judeia, Aristóbulo I, Prutá, 104-103 a.C.
Anv. Legenda hebraica no interior de uma coroa
(o sumo sacerdote e o conselho dos judeus)
Rev. Romã e cornucópia dupla .
Ref. Hendin 1143 

Durante a guerra cívil dos príncipes hebraicos Hircano I e Aristóbulo I, estes chamaram um mediador. Foi Pompeio, que na época acampava na região de Damas, o escolhido.

 Sexto Pompeio, Denário, Roma 137 a.C.
Anv. Roma com capacete à direita  X = 10 Asses.
Rev. SEX POM FOSTLVS - ROMA
 Loba amamentanto Rómulo e Remo,  árvore e pastor.
Ref. Crawford 235/1c,  Syd 461a

Foi como pacificadores que os romanos entraram na Palestina.
Com a ajuda de  Roma, Herodes que era Idumeu subiu ao trono da Judeia e manteve-se 33 anos no poder.
A sua dinastia identificou-se com a dos seus mestres romanos.
Herodes foi um déspota muito cruel e tornou-se impopular. Mesmo levando uma existência pagã ele obsteve-se de pôr a sua imagem nas moedas.
As suas moedas (em bronze) têm legendas em grego e, a águia que nelas figura faz alusão à águia de ouro que mandou erigir no cimo do templo.
Os tipos mais utilizados são: a palma, cornucópia, águia, e por vezes uma data e uma marca de valor. A legenda  é, BASILEOS HERODOU.

 Herodes (o Grande), Prutá, Jerusalém 37- 4 a.C..
Anv. Cornucópia, BASILEOS HERODOU.
Rev. Águia com as asas abertas.
Ref. JD59278, Hendin1175, Meshorer TJC 62, F.

 Herodes (o Grande), Prutá, Jerusalém 37- 4 a.C..
Anv. BACILEOS HERODOU no interior duma coroa
Rev. Âncora no interior de un círculo com raios.
Ref. JD55127, Hendin 1175, Meshorer TJC 62, F.
    
Em contrapartida o seu irmão Filipe natural de um pequeno estado montanhoso, vivia à moda grega e, colocou a sua efígie nas moedas à maneira dos príncipes Helénicos.
Foi a primeira vez que nas moedas judaicas apareceu uma figura humana.

Filipe AE 22, cunhado em Cesareia sob o reinado de Augusto no ano 12
Anv. Busto de Filipe à direita, KAICAPI CEBACT.
Rev. Templo de Augusto, ΦIɅIППOY TETPAPXOY,
entre as colunas, LIB
Hendin 1221, Mesmoer AJC 3

Roma perante as queixas violentas que se elevavam contra os Herodes acabou por nomear um procurador por volta do ano 6 d.C..
O regime dos procuradores bem aceite ao princípio, degradou-se e chegou aos limites do razoável com Pilatos que no ano 18 confiscou o tesouro do templo para financiar a construção de um aqueduto em direção a Jerusalém.  

 Jerusalém, Ponce Pilatos, Prutá, cunhado no ano 16
Anv. Simpulum (concha) TIBEPIOY KAICAPOC LIS
(Tibério César ano 16 ).
Rev. Coroa de flores.
Ref. Hendin 649
(O Simpulum (concha) era utilizada durante as “libações” : cerimónia religiosa entre os pagãos, que consistia em provar vinho e entorná-lo sobre a ara do sacrifício em honra de uma divindade.)

Jerusalém, Ponce Pilatos, Prutá cunhado no ano 16
Anv. Simpulum, TIBEPIOY KAICAPOC LIS (Tibério César ano 16)
Rev. Três espigas de cevada, IOYɅIA KAICAPOC
(Júlia, César) Ref. à mãe de Tibério.
Ref. Hendi 648

Foi uma época em que algumas seitas religiosas apareceram.
Essas seitas correspondiam ao que nós hoje chamamos partidos políticos.
Os Fariseus opunham resistência aos romanos, os Zelotes eram terroristas extremistas. O cristianismo era uma dessas seitas.
Os procuradores que controlavam a Judeia, respeitavam a susceptibilidade dos judeus e, as moedas cunhadas na Judeia não têm efígie: apenas o nome do imperador e alguns símbolos judaicos.
Houve 14 procuradores e todos eles tiveram a sua residencia principal em Cesareia.
Seis deles cunharam moedas em bronze “o pruta”(66 prutas = um denário), os tipos eram os habituais: a espiga, palmas, vasos e cornucópias.

PROCURADORES

Sob Ponce Pilatos encontramos nas moedas o nome  de Tibério.
Chama-se habitualmente o dinheiro de Cristo ás moedas de Tibério, que diz respeito à famosa cena ilustrada onde Jesus pergunta:”de quem é esta imagem ?”.
A resposta, “de César” e onde ele pronunciou a célebre frase: “dai a César o que pertence a César”.
   
(Desde o início do Império Romano com o imperador Augusto, “CAESAR”(César) passou a ser um título honorífico tomado por grande parte dos imperadores. Mais tarde, AVGVSTVS “ Augusto” também foi  um título honorífico.) 
   
Do ano 37 ao ano 44, Roma submeteu-se a Herodes Agripa, neto de Herodes o Grande. (Foi ele que se ocupou da educação do seu neto em Roma).

Jerusalém, Herodes Agripa, Prutá, 37- 44
Anv. Guarda sol com franjas,
AГPIПA BACIɅEWC (Herodes Agripa)
Rev. Três espigas de cevada, LS
Ref. Hendin 553

Herodes Agripa, tomou o título de rei para reinar na Palestina por vontade do imperador Cláudio.
Judeu em Jerusalém, em Cesareia ele vivia como em Roma. Agente de execução dos romanos, ele foi amado e venerado pelo povo a quem deixou boas recordações.
As suas moedas cunhadas em Jerusalém com um guarda sol, três espigas e sem efígie, eram para cirular na Judeia.
As moedas com a sua efígie destinadas a circular fora do território judaico, eram cunhadas em Cesareia.
Algumas moedas tem duas mãos juntas  e atestam a aliança com Roma, noutras podemos ler “PHILOROMAIOS” (amigo dos romanos).
À sua morte no ano 44, o seu reino foi anexado à província romana da Palestina.
No ano 66, os judeus exasperados pela ação do procurador Florus revoltaram-se. Tudo começou por uma contestação entre gregos e judeus, para o estabelecimento da autoridade administrativa municipal de Cesareia.
Florus culpou os judeus e depois disso extorquiu o tesouro do templo. A revolta durou quatro anos.
A queda de Jerusalém está imortalizada nos sestércios bem conhecidos, que mostram a Judeia personificada por uma mulher junto de uma palmeira  e a legenda IVDAEA OU IVDEA CAPTA.

 Vespasiano, Sestércio, Roma ano 71
Anv. busto de Vespasiano à direita
.IMP CAES VESPASIAN AVG P M TR P P P  COS III.
Rev. Vespasiano em pé com uma lança na mão direita, 
um pé apoiado num capacete, uma palmeira, e a Judeia
simbolizada por uma mulher sentada  chorando.
IVDEA CAPTA  SC
Ref. RIC (1962) 427, Cohen 239, BMC 543

Foi durante a primeira revolta contra a autoridade romana dos procuradores, que apareceu o primeiro chekel judaico: “sinal de independência”.
O metal (prata) era fornecido pelo tesouro do templo de Jerusalém.
Quando a cunhagem monetária começou a partir do século IV a.C., alguns chekels foram cunhados na Fenícia.
Todavia, nenhum chekel foi cunhado na Terra da Promissão: as forças Sírias, Persas ou Romanas nunca o permitiram.
A folha de palmeira que figura em diversos tipos monetários da revolta judaica 66-70, apresenta um carácter Messiânico.
Estas emissões que são moedas de urgência, umas têm o nome de Jerusalém outras o nome de Sião.
A referência ao nome da cidade santa é normal, porque estas moedas serviam para pagar o imposto ao templo.
No anverso do primeiro chekel judaico, figura a legenda “Chekel de Israel” com a data por cima de um cálice.
No reverso está gravada uma planta em flor com três frutos (romãs) e a legenda “Jerusalém a Santa”.

Jerusalém, Shekel AR.
Cunhado na primeira revolta judaica contra Roma em 68.
Anv. Cálice, e  Shekel de Israel,  3(ano).
Rev. Três romãs e legenda (Jerusalém a Santa).

É um espetacular testemunho do espírito desesperado da nação judaica para ascender à liberdade e independência, de toda a dominação estrangeira.
Depois de uma dolorosa afronta, o exército romano sob o comando do imperador Tito, pôs fim ao Estado de Israel e destruiu o templo no ano 70.
A fortaleza de Massada nas montanhas da Judeia, ainda resistiu mais de três anos.
No reinado do imperador Adriano em 133, uma segunda revolta sob a  direção de Simão (BAR KOCHBA) teve lugar mas, apesar de algumas vitórias ao princípio, conduziu à submissão definitiva da Judeia.

SEGUNDA REVOLTA

 Simão Bar Kochba, Dracma, 132-135 
Anv. Simão em hebraico dentro de uma grinalda feita com amêndoas.
Rev. Ramo de palmeira (simbolizando a festa  dos tabernáculos no templo),
e legenda hebraica “Pela Liberdade de Jerusalém” 
Ref. SH28931, hendin 1416 

 Simão Bar Kochba, Dracma, 134-135
Anv. Simão em hebraico dentro de uma grinalda
Rev. Jarro, palma e legenda hebraica, “Pela Liberdade de Jerusalém”
Ref. SH42161, Mildeng 79, Hendin 1418

Depois da destruição do segundo templo o povo judeu ansiava reconstruí-lo.
O anúncio feito por Adriano para a construção de um templo pagão no sítio do antigo, foi o detonador da revolta .
Rabbi Bem Akiba, filósofo e doutor de leis morto no ano 135 na revolta, considerava Simão como filho de estrela, alusão ao “Messias” anunciado no velho testamento.
Ele escreveu assim: “ja tudo existiu antes”, que nós agora interpretamos “a história é um eterno recomeço”.
O nome do federalista Simão aparece em alguns denários romanos carimbados.
Esta revolta foi o último sobressalto de independência antes da nascença do atual Estado de Israel em 1948.
Simão que tinha tomado o comando da insureição com Eleazaro, foi  derrotado pelas forças romanas em Betânia no ano 135 num pavaroso massacre.
(A Judeia arruinada parecia um deserto sob uma floresta de forcas).
Os denários romanos carimbados da segunda revolta, tem diferentes símbolos que fazem referência ao templo de Jerusalém: cítarras,  trombetas, cachos de uvas, folhas de palmeira, coroas de louro e cálices. A legenda é sempre, “liberdade de Israel”.     
Estas moedas circularam pouco tempo, é por essa razão que elas chegaram até aos nossos dias muito bem conservadas.

 Simão Bar Kochba Shekel (tetradracma) AR.
Anv. templo com quatro colunas encimado por uma estrela e a legenda, Simão.
Rev. Vaso com quatro ramos e Liberdade de Jerusalém.

A grandeza do Estado Judaico não era mais que espiritual, a sua população nunca ultrapassou um milhão de habitantes. Todavia, fora da Judeia, havia sete a oito milhões de judeus.
Na época de Moisés algumas comunidades israelitas estabeleceram-se perto do Nilo.
Cório autorizou que regressassem à Palestina, mas numerosos elementos ficaram na Mesopotâmia, outros serviram no exército de Alexandre e, muitos outros ficaram na Itália.
Roma e Alexandria eram dois centro judaicos muito importantes.
A origem da comunidade judaica de Alexandria provinha do reinado de Ptolemeo I (319 a.C.), que depois da tomada de Jerusalém transferiu um grande numero de pessoas para o Egito.
O primeiro centro de comunidade judaica de Roma, provinha dos prisioneiros feitos na guerra contra os seleucidas, e aos quais Pompeu (ou Pompeio) deu a liberdade.
Quanto aos seleucidas, eles transferiram a população de algumas cidades e vilas judaicas que foram saqueadas, para fundarem algumas colónias na Lídia.
No fim do primeiro século a.C., um judeu em cada quatro vivia na Palestina.

PROCURADORES ou GOVERNADORES
DA JUDEIA

  Coponius, primeiro procurador da Judeia,  (reinado de Augusto).
Prutá cunhado em Cesareia, no ano 6
Anv. Espiga de cevada e KAICAPOC (de César).
Rev. Palmeira- L ɅL
Ref. Hendin 1328

 Marcus Ambibulus, procurador sob Augusto.
Prutá cunhado em Cesareia no ano 9
Anv. Espiga de cevada e KAICAPOC (César).
Rev. Palmeira-L  ɅO
Ref. Hendin 1329

Valerius Gratus, procurador sob Tibério.
Prutá cunhado em Cesareia no ano 17.
Anv. Ramo de videira com um cacho de uvas, IOYɅIA (IOULIA) .
Rev. Ânfora, L A
Ref. Hendin 1336, Meshorer TJC 326.


  Ponce Pilatos, procurador sob Tibério.
Prutá cunhado em Cesareia no ano 30
Anv. Simpulum, TIBEPIOY KAICAPOC (Tibério César)
Rev. Grinalda – LIS
 Ref. Hendin 1342, Meshorer TJC 333

Antonius Felix procurador sob Cláudio.
Prutá cunhado em Cesareia no ano 54
Anv. Dois escudos e duas lanças entrecruzadas
NEPW KɅAV KAICAP (Nero Cláudio César).
Rev. Palmeira,  BPIP(Britanicus)L IA KAI
Ref. Hendin 1348, Meshorer TJC 340

  Porcius Festus, procurador sob Nero.
Prutá cunhado em Cesareia em 59/60
Anv. Coroa de flores, NEP/WNO/C (Nero)
Rev. Palma, KAICAP (César) L E
Ref. Hendin 1351, Meshorer TJC 345.

MGeada
Bibliografia
Anatole France; Le procurateur de Judée, éditions A. Ferroud, Paris 1919
Hayon; Ruben Maurice-La construction de l’histoire juive, éditions du Cerf, 1992.
Hayon; Ruben Maurice-Gnosticisme et judaisme, éditions Cerf, 1992.
Au Temps des Hébreux de 40 a.C. a  70 d.C.- Hachette Paris 1984
Renaud; Alain-L’impéralisme romain en Judée: De la paix d’Apamée a la conquete de Jérusalem par Pompei, Paris, 1992

2 comentários:

  1. Boa noite , meu nome é Lucas e tenho uma espetacular moeda meio shekel , foi um achado especial pois pelo seu blog pude estudar e descobrir a historia desta moeda.

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